Um padre português vai ser distinguido pelo museu memorial do Holocausto em Jerusalém, Yad Vashem, pelo auxílio prestado a judeus durante a perseguição nazi.
Segundo o blogue Religionline, do jornalista António Marujo – que teve acesso à decisão do Yad Vashem –, o padre Joaquim Carreira vai receber o título de “Justos Entre as Nações”, uma distinção atribuída a não-judeus que tenham arriscado a vida para salvar judeus durante o Holocausto.
Joaquim Carreira era reitor do Colégio Pontifício Português em Roma e durante a ocupação da capital italiana pelos nazis, em Setembro de 1943, o sacerdote deu abrigo a vários judeus: “Concedi asilo e hospitalidade no colégio a pessoas que eram perseguidas na base de leis injustas e desumanas.”, referiu Joaquim Carreira num relatório da actividade do colégio, citado no Religionline.
Em pelo menos uma ocasião, os militares alemães invadiram o Colégio Pontifício Português em busca de refugiados – apesar do comando militar ter proibido quaisquer buscas ao edifício. Resistentes antifascistas, partiggiani e judeus que estavam no Colégio conseguiram esconder-se em locais previamente combinados e sugeridos pelo reitor, refere o blogue.
O padre português torna-se assim no quatro português a ser distinguido pelo Yad Vashem, depois do cônsul Aristides Sousa Mendes, que atribuiu vistos a mais de 10 mil judeus, Carlos Sampayo Garrido, embaixador de Portugal na Hungria que deu documentação portuguesa e abrigo em casas da embaixada a cerca de mil judeus; e José Brito Mendes, operário português residente em França e casado com uma francesa que salvou uma menina filha de judeus.
O título concede cidadania honorária de Israel ou, caso já tenham morrido, a cidadania póstuma. Os Justos recebem ainda uma medalha, um certificado de honra e o seu nome é colocado no mural de honra do Jardim dos Justos, no Yad Vashem.
O diploma deverá ser entregue na Primavera ou Verão de 2015, na Embaixada de Israel em Lisboa, e será recebido por familiares do antigo reitor.