Este último grupo não é necessariamente composto por pessoas preguiçosas. Hannah Fry, cientista e divulgadora da University College de Londres, explica a verdadeira razão da dificuldade em acordar de algumas pessoas num artigo para a BBC.
Ciclo circadiano – é este o nome do culpado. É o relógio biológico que controla os nossos ritmos de sono, a partir da libertação de hormonas que nos dão ou tiram o sono. Sobretudo a melatonina, uma substância que começa a ser libertada ao serão, mantendo-se a um nível elevado durante as 12 horas seguintes, e começando a diminuir até deixar de ser detectável por volta do meio-dia.
O problema é que nem todos temos o mesmo ‘horário’. Nos adolescentes, por exemplo, o ciclo circadiano tende a disparar mais tarde do que nos adultos. E isso explica o facto de as noitadas serem tão apetecíveis e frequentes nos mais novos, e que os apelos para ir cedo para a cama sejam quase sempre ignorados (a internet, o whatsapp e a televisão, é claro, também desempenham um papel). De manhã, este desajustamento é normalmente pago com uma enorme dificuldade em sair da cama. Mas não é preguiça – é biologia.
Este desfasamento é permanente em algumas (muitas) pessoas. Para uma fatia considerável da população, o ciclo da melatonina continuará dessincronizado com os horários de sono socialmente aceites. Mesmo que vão cedo para a cama na noite anterior, não só vão ter dificuldade em adormecer como continuarão a debater-se para sair da cama de manhã. E a produtividade no trabalho será naturalmente afectada.
Por fim, Hannah Fry fala naquilo que já mencionámos: a tecnologia também desempenha um papel nos hábitos de sono. A chamada ‘luz azul’ produzida por aparelhos como a televisão, o smartphone, o tablet e o computador prolonga a sensação de ser dia, e consequentemente o estado de alerta do cérebro, fazendo descer os níveis de melatonina. Portanto, se é quase impossível alterar o ciclo circadiano, pelo menos podemos não piorar a nossa situação, evitando o uso destes aparelhos ao serão. Um livro é uma boa alternativa.