Salgado, disse Manuel Fernando Espírito Santo, "mereceu sempre a plena confiança de todos porque era um membro sénior da família", uma pessoa "muito competente" e responsável pelo "êxito no crescimento do GES [Grupo Espírito Santo] e do BES ao longo de duas décadas".
Manuel Fernando Espírito Santo, que teve responsabilidades na área não financeira do GES, nomeadamente na Rioforte, falava na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES, sendo o 15.º responsável a ser ouvido nos trabalhos da comissão.
O antigo administrador não-executivo do BES reconheceu que, na segunda metade de 2013, quando conhecidas as contas da Espírito Santo International (ESI), houve críticas a Ricardo Salgado, mas logo então o ex-banqueiro apresentou "ideias e soluções" e mereceu a confiança do conselho superior do GES.
Havia um "relevante endividamento na ESI que se vinha avolumando desde a crise de 2008", admitiu.
"Nunca supus que tal endividamento fosse tão elevado como aquele que no final de 2013 se viria a revelar", frisou todavia Manuel Fernando Espírito Santo.
A comissão de inquérito arrancou a 17 de Novembro e tem um prazo de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado.
Os trabalhos têm por intuito "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".
A 03 de Agosto passado, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado banco mau (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os activos e passivos tóxicos do BES, assim como os accionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.
Lusa/SOL