Gestão

Três escolas portuguesas foram distinguidas no ranking das escolas de gestão europeias elaborado pelo Financial Times. Três nos 50 lugares de topo!

Obviamente que muitos rejubilam com estes resultados. Outros, contudo, reagem aos rankings com menos simpatia ou maior cepticismo. Interrogam-se estes porque razão, sendo o ensino da gestão tão excelente no país, é a sua prática 'tão lastimável'? Não é possível afirmar, sem qualificação, que a qualidade da gestão é má em Portugal.

Existem estudos que mostram que a proporção de empresas mal geridas é maior do que em países mais ricos; mas esses estudos mostram também que as empresas bem geridas em Portugal são-no ao nível das melhores práticas mundiais. A sobrevivência das primeiras e o reduzido peso das segundas deve-se menos ao ensino do que ao contexto concorrencial que permite a sobrevivência de empresas mal geridas. Por outro lado, os casos mais mediáticos de colapsos gestionários devem-se menos a deficiências de gestão do que a falhas de governo empresarial. As deficiências de governo eram aparentes a qualquer estudante, mas as soluções que acabam sendo adoptados na prática devem menos à ciência do que a correlações de forças dentro das empresas.

Outros, belicosamente, opinam que o reconhecimento por 'um órgão do capital especulativo internacional como o FT' apenas prova que aquelas três escolas promovem a ganância e o culto do lucro. Aqui impera o preconceito ideológico, perante o qual eu deveria ter o juízo suficiente para me abster de opinar.

Mas, não o tendo, sempre direi que não conheço nenhuma área do conhecimento onde as escolas dediquem tanto dos seus currículos académicos ao ensino formal da Ética e da Responsabilidade Social e que promovam tantas actividades de extensão destinadas a promover o envolvimento comunitário e o desenvolvimento do aluno como ser humano integral. A buzzword no moderno ensino da gestão é mesmo o 'holismo' muito diferente, portanto, do reducionismo ou materialismo.