Obviamente que muitos rejubilam com estes resultados. Outros, contudo, reagem aos rankings com menos simpatia ou maior cepticismo. Interrogam-se estes porque razão, sendo o ensino da gestão tão excelente no país, é a sua prática 'tão lastimável'? Não é possível afirmar, sem qualificação, que a qualidade da gestão é má em Portugal.
Existem estudos que mostram que a proporção de empresas mal geridas é maior do que em países mais ricos; mas esses estudos mostram também que as empresas bem geridas em Portugal são-no ao nível das melhores práticas mundiais. A sobrevivência das primeiras e o reduzido peso das segundas deve-se menos ao ensino do que ao contexto concorrencial que permite a sobrevivência de empresas mal geridas. Por outro lado, os casos mais mediáticos de colapsos gestionários devem-se menos a deficiências de gestão do que a falhas de governo empresarial. As deficiências de governo eram aparentes a qualquer estudante, mas as soluções que acabam sendo adoptados na prática devem menos à ciência do que a correlações de forças dentro das empresas.
Outros, belicosamente, opinam que o reconhecimento por 'um órgão do capital especulativo internacional como o FT' apenas prova que aquelas três escolas promovem a ganância e o culto do lucro. Aqui impera o preconceito ideológico, perante o qual eu deveria ter o juízo suficiente para me abster de opinar.
Mas, não o tendo, sempre direi que não conheço nenhuma área do conhecimento onde as escolas dediquem tanto dos seus currículos académicos ao ensino formal da Ética e da Responsabilidade Social e que promovam tantas actividades de extensão destinadas a promover o envolvimento comunitário e o desenvolvimento do aluno como ser humano integral. A buzzword no moderno ensino da gestão é mesmo o 'holismo' muito diferente, portanto, do reducionismo ou materialismo.