BES Angola aumenta crédito apesar de situação “pavorosa”

O ex-presidente do BESA apresentou hoje aos deputados da comissão de inquérito ao BES uma evolução do crédito concedido pela instituição angolana após a sua saída em Junho de 2012.

Álvaro Sobrinho também garantiu que a torneira de financiamento do BES ao BESA continuou aberta. Isto numa altura em o gestor angolano já tinha sido substituído por Rui Guerra.

O ex-presidente do BESA questiona como é possível a concessão de crédito ter aumentado se a instituição estava numa “situação pavorosa”, a descrição utilizada por Ricardo Salgado para descrever o ‘buraco’ do BESA.

"Se analisarem a carteira de crédito verificarão que era de 6,7 mil milhões de dólares na minha governação. Em Junho de 2014, esse valor passou para 9,2 mil milhões de dólares. Uma média aritmética mostra que cresceu duas vezes mais em um ano. Como é que se justifica que tenha crescido 3,2 mil milhões de dólares em um ano? E isto num contexto em que os depósitos estavam a diminuir."

Sobrinho diz que o BES Portugal aumentou em mais de mil milhões a sua linha de financiamento a Angola e assinou cartas de crédito de 500 milhões desde a sua saída do BESA.

Questionado sobre o “buraco do BESA”, responde: “O buraco! Fala-se no buraco. Apresentem números. Identifiquei coisas que não estavam bem, mas isso não significa que existia um buraco. Eram desequilíbrios de liquidez, não de rácios de solvabilidade”.

“Não queria personalizar, mas dizer que houve uma inconsciência… Se pudesse voltar atras, talvez fizesse diferente. Mas fi-lo na certeza de que estava a fazer o melhor. Tudo aquilo que foi pavoroso que se encontrou lá… enfim.” Sobrinho refere aos problemas de liquidez que afectavam o BESA.

“Não podia dizer ‘passem para cá um bilião’. Não cabe a mim decidir. Eu propus [a linha de financiamento do BES a Angola], mas não empurrei ninguém para aceitar. Eu propus porque achava que devíamos investir naqueles títulos”, explica.

“É uma falsidade”. Foi desta forma que Álvaro Sobrinho respondeu a afirmação que terá recebido comissões ou uma indemnização quando saiu do BESA. O ex-presidente do BESA também rejeita que tenha levado informações do BESA. Levou o seu material, de 12 anos de trabalho explica.

“Neste processo, não há heróis. O BES não foi uma torneira para o BESA. Tivémos um custo financeiro perfeitamente gigantesco. Pode perguntar: Por que apostou nos titulos de dívida publica angolana? Para passar os proveitos para o BES.”

As declarações de Álvaro Sobrinho:

BES Angola: 'Dinheiro não saiu de Portugal'

'Todas as operações de crédito eram conhecidas pelo BES'

Angola tinha depósito de 6 mil milhões de dólares no BES e no GES

'Era impossível receber créditos do BESA'

Sobrinho denuncia actas com conteúdos falsos depois de sair do BESA

'Faço parte de uma família com posses'

'Graças a Deus, recuperei o meu dinheiro e saí antes do rombo da ES International'