Os resultados do estudo, a publicar na próxima edição da revista Proteste, indicam que 12 das refeições prontas de bacalhau "apresentaram resultados negativos ao nível da contagem de micro-organismos a 30 graus", indicador que dá uma ideia da contaminação geral do produto e do estado de conservação.
Foram analisadas 26 refeições adquiridas em cadeias de supermercados ou lojas das zonas de Lisboa e Porto.
As refeições chumbadas foram compradas em lojas das cadeias Celeiro, Continente, El Corte Inglês, Jumbo, Pão de Açúcar, Pingo Doce e Super Cor.
"Uma contagem elevada daqueles micro-organismos [a 30 graus] pode ser sinónimo de uma refeição mal conservada pelo simples facto de não ter sido mantida à temperatura adequada", refere o artigo, adiantando também a possibilidade de ter ocorrido contaminação durante o período em que o prato esteve no expositor de alimentos.
A Deco recorda que se recomenda que as refeições refrigeradas sejam mantidas no expositor a uma temperatura entre os 0 e os 4 graus, enquanto os pratos quentes devem ser conservados acima de 65 graus.
Na análise às temperaturas dos expositores e das refeições foram encontradas temperaturas propícias ao desenvolvimento de micróbios.
Segundo o estudo, foram ainda detectadas em seis refeições de bacalhau "presenças indesejáveis" da bactéria 'enterobacteriaceae', que habita no intestino do Homem e dos animais e que é considerada um indicador que avalia a qualidade higiénica.
"Estes resultados podem ser interpretados como um sinal de lacunas ao nível da higiene (cozedura inadequada ou contaminação posterior) e de temperaturas de conservação demasiado elevadas", refere a Deco.
Falta de higiene do funcionário que manipula dos alimentos, dos utensílios ou das bancadas podem contribuir as falhas detectadas.
"A boa notícia é que não encontrámos 'e.coli' nem micro-organismos patogénicos susceptíveis de causar toxi-infeções graves", lê-se na Proteste. A bactéria 'e.coli' foi responsável em 2011 por um surto na Alemanha que atingiu alguns milhares de pessoas.
A associação de defesa do consumidor lembra que as intoxicações alimentares têm geralmente origem no desconhecimento ou descuido pelas regras básicas de higiene, tendo o estudo concluído que há falta de conhecimento ou negligência quanto às regras a cumprir.
"É necessário investir na formação profissional contínua dos funcionários que manipulam alimentos", recomenda a Deco, apontando também para a necessidade de criar legislação com "parâmetros biológicos mais completos".
Os resultados do estudo foram já enviados para a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e para a Direcção-geral de Alimentação e Veterinária.
Lusa/SOL