TAP é ‘caso raro’ na aviação europeia

A TAP é a única companhia de bandeira europeia que se mantém totalmente na esfera do Estado. Ainda que a Norte e no Leste da Europa persistam empresas com posições públicas relevantes, o perfil da indústria da aviação tem mudado nos últimos anos graças a operações de privatização. Agora, os líderes do sector estão praticamente…

TAP é ‘caso raro’ na aviação europeia

A Lufthansa, por exemplo, é totalmente privada desde 1997, com  fundos de investimento entre os seus accionistas. Ao mesmo tempo, a gigante alemã tem vindo a integrar outras companhias de bandeira. É o caso da suíça SWISS, da Austrian Airlines – da qual o Governo austríaco decidiu sair definitivamente em 2008 – e da belga Brussels.

Também a British Airways e a Iberia, que se fundiram em 2011 formando o International Airlines Group (IAG), já saíram há vários anos do domínio público – a britânica em 1987 e a espanhola em Abril de 2001, quando entrou em bolsa. Hoje, o terceiro maior operador aéreo regular está cotado em Londres e Madrid.

Já o conglomerado franco-holandês Air-France KLM – constituído em 2004 após a aliança entre as duas companhias de bandeira e hoje o segundo maior – segue um modelo diferente, ainda que seja sobretudo privado. 

Cerca de 60% do grupo pertence a institucionais, 16% a accionistas individuais e o Estado francês possui 15,9%. Os trabalhadores detêm quase 7%, uma fatia ligeiramente superior à que o Governo português também pretende disponibilizar aos funcionários do grupo TAP, onde a intenção é alienar 66%. Os restantes 34% ficarão por enquanto em mãos públicas.

Segundo um estudo de 2009 da Organização Internacional de Avião Civil, depois do predomínio estatal no sector até meados dos anos 80, nas últimas três décadas 135 Estados decidiram privatizar ou reduzir a sua posição em cerca de 200 companhias. Em 134, essas pretensões foram para a frente por motivações económicas, para reduzir os encargos públicos, ou para aumentar a eficiência e competitividade das transportadoras aéreas.

Hoje, a polaca LOT, que está em processo de reestruturação, será a que tem maior peso do Governo – acima de 90% –, embora também já tenha existido vontade de privatizar.

No grupo Aeroflot, o Estado russo controla directamente 51,17% do capital. Já a escandinava SAS é detida em 50% pelos governos sueco, dinamarquês e norueguês. Também a finlandesa Finnair tem uma presença pública maioritária: 68,4% controlados pelo Governo central, sendo que o gabinete do primeiro-ministro detém directamente 55,81%.

No caso da Alitalia, há uma posição minoritária dos Correios de Itália (tutelados pelo Ministério da Economia e Finanças), mas a compra de 49% por parte da Ethiad (de Abu Dhabi e controlada pelos Emirados Árabes Unidos) deverá mudar a configuração accionista da companhia.

ana.serafim@sol.pt