Questionado pela Lusa sobre qual é expectativa relativamente à economia portuguesa no próximo ano, João Couto disse: "A nossa visão é positiva".
Isto porque "há um conjunto de indicadores que parecem convergir para um cenário positivo, mas moderado", afirmou, salientando que espera que 2015 será um ano melhor do que 2014.
"A parte da internacionalização e da exportação está a acelerar nos setores tradicionais. As grandes empresas que estavam internacionalizadas estão a aumentar" a sua posição no exterior, adiantou.
Deu como exemplo as empresas de setores tradicionais como o calçado, têxtil, mobiliário ou vinhos, que começam a ter "algum dinamismo".
Além disso, "há toda uma categoria dos novos negócios na área de serviços a surgir numa perspetiva global", como é o caso da área de jogos, onde "começamos a ter aqui uma indústria de jogos significativa que dão cartas a nível internacional, que estão a surgir já nesta economia digital", apontou.
As tecnológicas portuguesas Glose, CARM ou Arqueonautas são alguns dos exemplos de empresas que estão a marcar presença no espaço internacional.
"Do lado da internacionalização vai haver um efeito de estímulo mais positivo que em 2014, que foi de arranque", considerou João Couto, que disse acreditar que o consumo interno melhore, "não só pela desaceleração do desemprego", mas também sob o efeito da expansão internacional das empresas.
Também "a questão do petróleo vai ter um impacto positivo na economia, pela estabilização do preço", acrescentou.
Por estes fatores, João Couto considerou que "vai haver um cenário macroeconómico relativamente positivo, um bocadinho em linha com aquilo que o Governo estima para 2015".
Relativamente ao impacto na Microsoft Portugal, o diretor-geral considera que será igualmente positivo.
"Estamos a verificar que as empresas, que passaram cinco, seis, sete anos em que cortaram de forma muito significativa nos investimentos em tecnologias, estão agora a chegar a um ciclo de reinvestimento para modernizar as operações, reconquistar eficiência, competitividade no mercado global e suportar os seus ciclos de internacionalização", explicou.
"Estamos a sentir uma maior abertura das empresas portuguesas no investimento, queremos que as empresas liderem na 'cloud' [nuvem] na economia digital que está surgir", disse.
Questionado se as eleições legislativas que irão ocorrer no próximo ano poderão afetar o cenário económico, João Couto admitiu que podem surgir atrasos em certas decisões, mas que o impacto será maior no setor público.
"Acho que vai atrasar um bocadinho algumas decisões, principalmente no setor público", afirmou.
A crise económica teve "um efeito muito benéfico" da mesma no setor privado, já que obrigou ao "desmame da dependência" do setor público". Isto porque o privado "percebeu que não pode viver tão dependente e isso talvez tenha sido o efeito mais positivo da nossa crise", comentou.
"O impacto das eleições no setor privado vai ser mais reduzido", concluiu.
Lusa / SOL