Amnistia acusa Estado Islâmico de crimes “em larga escala” no Iraque

A Amnistia Internacional acusou hoje o grupo fundamentalista Estado Islâmico de cometer crimes de guerra e contra humanidade “em larga escala” no Iraque, submetendo mulheres e crianças a “um tratamento particularmente brutal”.

Amnistia acusa Estado Islâmico de crimes “em larga escala” no Iraque

No mais recente comunicado sobre "a tortura brutal" a que estão sujeitos os grupos minoritários no Iraque, a organização de defesa dos direitos humanos denuncia "o recurso à violação como arma de guerra".

 

O grupo Estado Islâmico, que  tem "sistematicamente" dirigido os ataques contra as comunidades não-árabes e não-sunitas, o que inclui os muçulmanos xiitas e outros grupos minoritários, como os yazidi. Entre estes, mulheres e crianças têm sido alvos de "um tratamento particularmente brutal", refere a organização.

 

"Violação e outras formas de tortura e violência sexual, sequestros, privação arbitrária da liberdade e obrigar pessoas a agir contra as suas convicções religiosas são crimes de guerra", recorda a Amnistia.

 

Apesar da condenação internacional, "o Estado Islâmico não tem revelado qualquer intenção de acabar com os crimes de guerra e contra a humanidade", reconhece a Amnistia, apelando, por isso, a todas as partes, dentro ou fora do Iraque, que contribuam para "pôr fim aos sequestros, casamentos forçados, violações e outros abusos".

 

O Estado Islâmico continua a manter sequestradas "centenas de prisioneiros, incluindo crianças", critica a Amnistia, denunciando que aqueles que já foram libertados ou conseguiram fugir "não estão a receber a ajuda e o apoio de que precisam desesperadamente", nomeadamente por parte das organizações internacionais.

 

A Amnistia realça a necessidade de fornecer "cuidados médicos adequados e atempados" aos poucos que têm conseguido escapar ao grupo Estado Islâmico.

 

Os serviços de apoio devem ainda ser geográfica e financeiramente acessíveis a quem deles precisa, defende a organização, sublinhando também a importância de manter a privacidade e confidencialidade das vítimas.

 

"Os jornalistas não devem tentar entrevistar sobreviventes sem garantias de um consentimento informado e os familiares, activistas e líderes comunitários não devem pressioná-los a prestar declarações à imprensa ou a outros, se eles não se sentirem confortáveis para o fazer", frisa a Amnistia.

 

A comunidade internacional tem repetidamente acusado o Estado Islâmico de crimes de guerra e contra a humanidade, desde que, em Junho, o grupo armado fundamentalista começou a controlar vastas zonas do Iraque e da Síria, onde diz pretender instaurar um "califado islâmico".

 

Na sequência da progressão do Estado Islâmico no Norte do Iraque, que já causou milhares de mortos e centenas de milhares de deslocados e refugiados, os Estados Unidos desencadearam, a 08 de Agosto, uma operação com raides aéreos contra as posições do grupo, actualmente suportada por cerca de 60 países.

Lusa/SOL