‘Quem defende interesses instalados é Albuquerque’

Manuel António Correia, o preferido de Alberto João Jardim assegura que não promete lugares para conseguir apoios.

Como vai tentar a vitória na segunda volta?

Sendo igual a mim mesmo, mostrando a qualidade do projecto e insistindo nos valores que me definem: a proximidade às pessoas, a capacidade de apresentar respostas concretas, a transparência na gestão da causa pública e a independência total relativamente a grupos financeiros e interesses instalados.   

Disse que lutou "com uma grande desproporção de meios". Mas foi acusado por adversários por se ter mantido no Governo Regional (secretário do Ambiente) e por ter angariado novos militantes.

As pessoas que subscreveram a minha candidatura não o fizeram por conta das responsabilidades que assumi no Governo Regional. No que se refere a meios financeiros, basta olhar para a conduta do nosso opositor e para os métodos publicitários que empregou para concluir que estão baseados em somas muito avultadas de dinheiro. Era interessante que divulgassem a fonte dessas verbas, pois perceberíamos ainda melhor os interesses que acolhe.

O seu adversário conota-o com o passado, mas Jardim diz que é Albuquerque quem representa o passado. Na noite eleitoral disse que "não há dois partidos social-democratas". Foi uma declaração politicamente correcta?

Não acredito no 'politicamente correcto' mas na frontalidade e na transparência. Ao contrário de outros, não mudei para ser candidato à liderança do PSD-M. Sou como sempre fui e não carrego máscaras para agradar ao eleitorado. No que toca a interesses instalados, é óbvio que não é a minha candidatura que os acolhe e que está unida de forma tão clara aos grupos económicos regionais.   

Jardim prometeu ser mais activo na segunda volta. Até que ponto essa intervenção é boa ou má para a sua candidatura?

Alberto João Jardim é um homem livre e um militante que, por tudo o que deu à Madeira ao longo de quatro décadas, ganhou o direito de expressar a sua opinião da forma que achar mais adequada. A sua intervenção não é boa nem má para a minha candidatura porque ela vale por si e pelos valores que representa.

Conta com alianças para a segunda volta? Que tipo de entendimentos está disposto a fazer?

Não vou mudar os pilares do que defendo nem descaracterizar o projecto com que me apresentei apenas pelo interesse em conquistar apoios, pois estaria a trair as minhas convicções e a confiança daqueles que me apoiam. Estou aberto a trabalhar com todos.  

Eventuais entendimentos passam por lugares nos órgãos do partido ou por cargos no Governo Regional ou na Assembleia Regional?

Porque conheço os candidatos excluídos da segunda volta e porque respeito o contributo que deram à social-democracia madeirense, sei que o seu entendimento não depende de lugares nem de regalias. Dizer isso seria um desrespeito ao carácter das pessoas. Os entendimentos dependerão sempre das valências que poderão reconhecer no projecto que lidero, e não em promessas de lugares.    

Caso vença, pedirá a dissolução do parlamento, logo após a demissão de Jardim?

Temos de ir para eleições o mais rapidamente possível com o propósito de o novo Governo tomar posse até final de Abril. 

Já tem programa de governo? Com que orgânica?

A moção que a minha candidatura apresentou tem respostas para as diferentes áreas da governação madeirense. Mais importante do que a orgânica e a estrutura são as prioridades para o futuro da Madeira e que passam essencialmente pelo turismo, pela acção social, o emprego e a sustentabilidade económica. 

Quais são as três principais prioridades de um seu governo?

Primeiro, proximidade às pessoas. Segundo, independência em relação a quaisquer interesses instalados ou grupos económicos. Terceiro, luta incessante e sem cedências por uma autonomia mais aprofundada. 

Sente que é o candidato à liderança do PSD-M menos temido pela oposição regional?

Sinto exactamente o oposto. A oposição sabe que a minha candidatura não está associada a interesses ou lóbis. A renovação que pretendo fazer no PSD-M é o que a oposição mais teme porque sabe que irá permitir ao PSD-M continuar a ser um partido hegemónico na Região, frustrando os desejos que a oposição tem de ser poder na Madeira e as alianças que já idealizou com a candidatura do meu adversário.