Depois da ETA no País Basco, que tem respeitado o cessar-fogo declarado há quatro anos, as autoridades judiciais e as forças de segurança viram-se para Catalunha e Galiza, onde existem também movimentos separatistas, especialmente em Barcelona.
Ainda em Dezembro, foi libertado um dos históricos da ETA (‘Santi Potros’) e recapturado outro etarra não menos famoso – Juan Carlos Arriarán Ibarra, ou ‘Giuseppe’, foragido há quase 20 anos. Mas o principal acontecimento dá pelo nome de 16-D, como se celebrizou a operação Pandora, que visou um grupo anarquista catalão, com 11 detenções em Barcelona, Madrid, Sabadell e Manresa.
Sete dos detidos ficaram em prisão preventiva, indiciados por envolvimento num “grupo terrorista” e a quem a Audiência Nacional, em Madrid, atribui a autoria de ataques com explosivos a caixas multibanco.
Na operação Pandora não foram apreendidos artefactos explosivos junto dos anarquistas que lutam pela independência da Catalunha. Mas na Galiza, a norte de Portugal, a Resistência Galega (RG) já foi considerada um “grupo terrorista” pelo Tribunal Supremo Espanhol – e as autoridades policiais, nos últimos relatórios, não hesitam em considerar a RG “a principal ameaça terrorista em Espanha”, no plano interno, a par do envolvimento de espanhóis no Estado Islâmico.
A RG, cujo último atentado atribuído foi cometido em Outubro num edifício oficial da província de Lugo, na Galiza, era apontada como protagonista de um “terrorismo de baixa intensidade” por especialistas espanhóis. Mas passou a ser considerado “fenómeno de terrorismo emergente”, assistindo-se à deslocação para a Galiza de meios e dispositivos policiais da luta antiterrorista, outrora no País Basco.
Ruptura sem luta armada
José Manuel Dias Cadaveira, do grupo de extrema-esquerda NÓS – Unidade Popular, afirmou ao SOL que a organização, fundada há 14 anos, apoia a RG – com uma ressalva: “Apoiamos e somos solidários com os presos da Resistência Galega, apesar das nossas diferenças ideológicas e de não aprovarmos os seus métodos de luta armada”.
“Lutamos pela consagração do nacionalismo, face ao espanholismo, mas tivemos sempre por lema que a luta armada não faz qualquer sentido no século XXI”, diz o mesmo dirigente em Santiago de Compostela. O NÓS – Unidade Popular “defende a ruptura, não ‘paninhos quentes’, ao contrário do que alguns pretendem”. Cadaveira sublinha: “Apesar de acharmos todos os métodos de luta legítimos, temos de estar enquadrados pela conjuntura e na situação actual não há condições para a luta armada”.
*na Galiza