No total, foram já ouvidas 20 personalidades na sala 6 das comissões parlamentares, e o tempo decorrido nas audições é equivalente, por exemplo, a 76 partidas de futebol (de 90 minutos cada) sem prolongamento.
O dia mais preenchido foi aquando da presença de Ricardo Salgado, ex-presidente executivo do BES, e José Maria Ricciardi, ex-accionista do banco e presidente do BES Investimento (BESI): no total, foram 17 as horas de trabalho parlamentar nesse dia (09 de Dezembro).
Audições como as do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa ou do antigo presidente do BES Angola (BESA) Álvaro Sobrinho foram também intensas, em dias com mais de dez horas de trabalho.
Já foram escutados no parlamento, no primeiro bloco de audições, figuras como os supervisores, a ministra das Finanças, o líder da KPMG Portugal e altos responsáveis do BES e do Grupo Espírito Santo (GES), com destaque para o líder histórico do banco, Ricardo Salgado.
Alguns temas estiveram em evidência durante as audições: a medida de resolução aquando da queda do BES, o papel do BdP ao longo de todo o processo, a questão em torno da idoneidade de Salgado ou os créditos atribuídos ao BESA, e cujos montantes – em local indefinido – contribuíram decisivamente para os problemas no GES e no BES.
Os responsáveis ouvidos apresentaram, quase sempre, versões diferentes para histórias que tiveram o mesmo fim.
O calendário das cinco próximas audições está já definido: a primeira audição de 2015 está agendada para terça-feira, às 09:00, para ouvir o revisor oficial de contas (ROC) e auditor do GES, José Manuel Macedo Pereira.
No mesmo dia, pelas 15:00, tem início a audição de João Rodrigues Pena, presidente executivo da Rioforte.
Depois, no dia seguinte, é a vez de José Carlos Castella, 'controller' financeiro do GES, comparecer perante os deputados, numa audição que arranca às 16:00.
Francisco Machado da Cruz, contabilista do BES e 'comissaire aux compte' da Espírito Santo International (ESI) e da Eurofin, é ouvido a 08 de Janeiro, pelas 16:00.
Segue-se-lhe Isabel Almeida, directora do BES, a 13 de Janeiro pelas 09:00.
A comissão de inquérito arrancou a 17 de Novembro passado e tem um prazo total de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado.
A suspensão dos trabalhos da comissão por altura da época de Natal e Ano Novo levou a que a contagem dos 120 dias fosse interrompida.
Os trabalhos dos parlamentares têm por intuito "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".
A comissão é presidida pelo deputado do PSD Fernando Negrão.
Lusa/SOL