Os signatários pedem ainda a revogação da portaria que atribui 300 milhões de euros de subsídios a fundo perdido às empresas eléctricas e a reabertura do processo de classificação da Linha do Tua como Monumento de Interesse Nacional, avançou hoje a Plataforma Salvar o Tua em comunicado.
“Pode bem ser o início do fim da construção da Barragem de Foz Tua, a primeira das sete previstas no Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH)”, antevê o movimento de cidadãos.
Se for aprovada a pretensão dos peticionários, será suspensa uma obra que contribuiria “com apenas 0,1% para a energia do país”, sublinham. E acrescentam: “Demasiado pouco para o prejuízo social, ecológico, económico e cultural que causaria, a um custo muito mais alto do que alternativas melhores”.
Os peticionários citam ainda um estudo da Universidade Nova de Lisboa que dá conta de que um posto de trabalho permanente na área do turismo de natureza e cultural, “aquele que se pratica no Alto Douro Vinhateiro, é 11 vezes mais barato que um emprego na barragem”.
Por outro lado, lembra a mesma plataforma, desde que as obras tiveram início, um conjunto de “ilegalidades têm sido cometidas, destacando-se a não reposição da mobilidade no Vale do Tua”.
Também o traçado da linha de muito alta tensão que ligará Foz Tua à rede nacional de electricidade é questionado. “Indo avante, rasgará a paisagem Património Mundial em clara infracção ao estabelecido pela UNESCO em 2012, que recomendou “fortemente” que a linha não cruzasse o Alto Douro Vinhateiro”.
Finalmente a Plataforma sustenta que, apesar de anunciado como investimento privado, o Programa Nacional de Barragens será, na realidade pago pelas famílias e empresas portuguesas pelas durante os 75 anos das concessões: “Pagarão uma electricidade 10% mais cara”.
“É a altura de os deputados assumirem as suas responsabilidades. Ou defendem os interesses do país e dos consumidores e a petição é votada favoravelmente, ou defendem as grandes empresas de energia, construção e banca, os interesses do costume”, argumenta João Joanaz de Melo, responsável da Plataforma e primeiro subscritor do Manifesto pelo Vale do Tua.