Na primeira das mais de 20 audições que decorrem sem a presença de jornalistas, Castella invocou o segredo de justiça para ser ouvido à porta fechada, sendo que requisitou também direito à imagem, não sendo possível fotografar nem filmar o 'controller' financeiro [representante da função financeira] do GES.
Também na quinta-feira haverá uma audição a decorrer à porta fechada, sendo uma das mais esperadas: a de Francisco Machado da Cruz, contabilista e acusado pelo ex-presidente executivo do BES, Ricardo Salgado, de ter ocultado dívida da sociedade de topo do GES.
O presidente da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES, Fernando Negrão (PSD), informou na terça-feira que Castella e Machado da Cruz entregaram dois requerimentos para serem ouvidos à porta fechada, apelos que foram aceites pelos deputados de todos os partidos.
"Invocaram o facto de terem tido contacto com mandados de busca em que se defina matéria de investigação criminal do Ministério Público, com implicações também com o segredo de justiça", disse o deputado social-democrata.
Os deputados disseram preferir declarações, mesmo que à porta fechada, a não ouvirem os dois responsáveis do BES e do GES, reforçando contudo que este tipo de audições deve ser uma excepção só justificável numa situação como as referidas por Castella e Machado da Cruz.
A comissão de inquérito arrancou a 17 de Novembro passado e tem um prazo total de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado.
Os trabalhos dos parlamentares têm por intuito "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".
Lusa/SOL