Dois homens armados atacaram hoje a redacção do jornal satírico francês 'Charlie Hebdo', em Paris, gritando "vingámos o profeta", segundo testemunhas citadas por uma fonte policial. O atentado causou 12 mortos, de acordo com o mais recente balanço.
Em declarações à Lusa, o porta-voz do OSCOT, Filipe Pathé Duarte, disse que "era uma questão de tempo até isto acontecer".
"Este tipo de ataque é uma situação que tem vindo a ser ensaiada progressivamente e é possivelmente a melhor forma de agir actualmente no Ocidente", referiu o responsável.
Para o OSCOT, os atentados de grande escala e organizados "são cada vez mais difíceis de fazer, tendo em conta que a pressão e a monitorização é cada vez maior, mas os ataques pequenos são uma forma de acção cada vez mais evidente".
"Basta apenas um ou dois indivíduos, armados de automáticas ou semiautomáticas, que comecem a disparar perante uma população não-beligerante, portanto, contra qualquer civil, e depois no final reivindicar o ataque em nome de qualquer ideologia", considerou Filipe Pathé Duarte, que avisou: "Este tipo de ataques poderá vir a ser mais comum do que aquilo que nós pensamos".
Os países ocidentais têm uma "vulnerabilidade enorme" a este tipo de atentados e só deixarão de a ter "a partir do momento em que abdicarem das liberdades e garantias que os caracterizam enquanto Ocidente", acrescentou.
Portugal não é excepção: "Estamos na linha inimiga, neste caso, da 'jihad', partindo do princípio que este atentado foi levado a cabo e será reivindicado pela 'jihad'", defendeu o representante da OSCOT.
Segundo Filipe Pathé Duarte, "a imprevisibilidade e o quase improviso deste tipo de ataques levam a que a monitorização seja extremamente complicada".
A resposta, defendeu, passa por aumentar o nível de segurança, o que implica "maior presença policial, que tem um efeito dissuasor, maior cooperação a nível internacional, maior colaboração de forças e serviços de segurança, seja a nível de 'intelligence' [serviços de informação] seja a nível de polícias criminais, e partilha de informações".
O porta-voz do OSCOT alertou ainda que um atentado como o de hoje em Paris tem "um efeito mimético".
"Este atentado foi bem-sucedido e está a ser bem mediatizado e portanto a informação chega facilmente a outros potenciais perpetradores de atentados. A possibilidade de uma réplica é muito grande, também", mencionou.
O Presidente francês, François Hollande, deslocou-se ao local e denunciou um "ataque terrorista" de "extrema barbárie".
O jornal 'Charlie Hebdo' tornou-se conhecido em 2006 quando decidiu republicar cartoons do profeta Maomé, inicialmente publicados no diário dinamarquês 'Jyllands-Posten' e que provocaram forte polémica em vários países muçulmanos.
Em 2011, a sede do semanário ficou destruída num incêndio de origem criminosa depois da publicação de um número especial sobre a vitória do partido islamita Ennahda na Tunísia, no qual o profeta Maomé era o "redactor principal".
Lusa/SOL