Stéphane Charbonnier – ou Charb, o nome com que assinava os seus desenhos – estava numa reunião editorial quando os homens armados foram direitos a si, matando-o e ao seu guarda-costas (um elemento da polícia) que o protegia, relata a AP. Do ataque resultaram mais 10 mortos.
O Le Monde recorda que o director estava na primeira linha das ameaças ao semanário e vivia sob protecção policial desde que o jornal foi incendiado em 2011. O Charlie Hebdo foi um dos jornais a publicar as caricaturas do profeta Maomé – inicialmente dadas à estampa pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten – que provocaram a ira dos extremistas muçulmanos. E ainda em 2013 publicou duas edições especiais, dedicadas ao profeta.
Na mesma entrevista que deu ao Le Monde em 2012 reiterou que não tencionava desistir. E noutra que deu à AP, no mesmo ano, defendeu os cartoons sobre Maomé publicados pelo Charlie Hebdo em 2006.
“Maomé não é sagrado para mim”, afirmou na altura. “Não vou atacar os muçulmanos por não se rirem dos nossos desenhos. Eu vivo sob a lei francesa, não sob a lei do Corão”, acrescentou.
Entre outras provocatórias capas do jornal está uma de um judeu ortodoxo a beijar um soldado nazi ou a do Papa Bento XVI num abraço amoroso a um guarda do Vaticano.
Um dos últimos cartoons de Charb, publicado na edição desta semana do Charlie Hebdo, é tristemente premonitório. O desenho mostra um extremista que reage ao título ‘França continua sem ser atacada’. ‘Esperem’, afirma o homem armado, ‘temos até ao fim de Janeiro para apresentar os nossos votos de ano novo’.