No mesmo processo, foi também condenado o alegado "tradutor" do "astrólogo", com uma pena de 3 anos e 8 meses de prisão, igualmente suspensa.
Para a suspensão da pena, os arguidos ficam obrigados a pagar ao ofendido, no prazo de 3 anos e 8 meses, a quantia de 160.750 euros, por danos patrimoniais e não patrimoniais.
Contactado pela Lusa, o advogado dos arguidos, João Almeida, admitiu haver matéria para recurso, mas remeteu uma decisão para depois da leitura "pormenorizada" do acórdão, sublinhando ser também necessário o consentimento dos arguidos.
Um natural da Guiné Conacri e o outro do Senegal, os arguidos foram detidos em flagrante pela Polícia Judiciária (PJ) em Março de 2014, em Braga, depois de o ofendido lhes ter entregado mais 1500 euros.
De acordo com a PJ, os arguidos apresentavam-se como "curandeiros/astrólogos" e já vinham extorquindo dinheiro ao ofendido há cerca de um ano.
No julgamento, o tribunal deu como provado que o ofendido, de 31 anos, viu um anúncio no jornal do "Professor Guirassy", que se intitulava como especialista em problemas de amor, e decidiu recorrer aos seus serviços por razões familiares.
Em tribunal, o ofendido explicou que queria salvar o casamento de um irmão.
Pagou 30 euros pela consulta propriamente dita e mais 400 para a compra dos "produtos" necessários para o "trabalho".
Um "trabalho" que alegadamente implicaria o sacrifício de animais, como vacas e cavalos, sendo sucessivos os pedidos de novas quantias para o efeito ao ofendido, com a alegação de que o "trabalho" era mais complicado do que parecia inicialmente.
O "astrólogo" avisava que, caso não pagasse aquelas quantias, o feitiço virar-se-ia contra o ofendido e contra a sua família.
Depois de esgotar as suas economias, o ofendido pediu dinheiro emprestado a familiares e ao próprio patrão, tendo ainda vendido o seu automóvel.
No total, e segundo o tribunal, o cliente entregou 159.750 euros.
No processo, há referência a dois cheques de 12.500 euros cada.
De todo o dinheiro, apenou recuperou os 1.500 apreendidos pela PJ no dia da detenção dos arguidos.
A extorsão só terminou quando o ofendido já não tinha mais dinheiro e, desesperado, decidiu participar o caso à polícia.
Lusa/SOL