Machado da Cruz, que está a ser ouvido à porta fechada na comissão de inquérito à gestão do BES e do GES, declarou que o antigo presidente executivo do BES Ricardo Salgado não só sabia da ocultação de dívida na ESI desde 2008 como foi o próprio a ter tal ideia, disse fonte parlamentar à agência Lusa.
O contabilista ter-se-á mostrado arrependido e terá declarado ainda que vive em angústia nos últimos anos.
Em 2008, o passivo ocultado foi de 180 milhões, adiantou, sendo que o valor total de dívida nesse registo viria a ser de 1,3 mil milhões de euros – uma das causas para o que viria a ser o colapso do GES e do BES.
Em paralelo, Machado da Cruz revelou também hoje uma missiva na qual diz que assumiu pessoalmente "erros" na contabilidade por "lealdade" aos superiores hierárquicos e ao grupo.
"Em concretização da estratégia superiormente decidida e definida em reuniões recentes, e em coerência com o já comunicado a entidades exteriores, tenho alegado perante os auditores que existiu um certo descontrolo e que foram cometidos erros na contabilidade ao longo de alguns anos", diz Machado da Cruz numa missiva datada de 7 de Janeiro de 2014, hoje distribuída na comissão de inquérito à gestão do BES e do GES e à qual a Lusa teve acesso.
A audição do ex-contabilista da ESI Francisco Machado da Cruz no parlamento arrancou cerca das 16:10, com os trabalhos a decorrerem novamente à porta fechada, à imagem de quarta-feira.
Machado da Cruz está a ser ouvido pelos deputados da comissão de inquérito à gestão do BES e do GES e, à imagem do 'controller' financeiro José Castela, a sessão decorre à porta fechada com o contabilista a alegar segredo de justiça em virtude de processos em curso no Luxemburgo.
A audição de hoje é uma das mais esperadas de toda a comissão: Francisco Machado da Cruz foi acusado pelo ex-presidente executivo do BES, Ricardo Salgado, de ter ocultado dívida da sociedade de topo do GES, por exemplo.
A comissão de inquérito arrancou a 17 de Novembro passado e tem um prazo total de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado.
Os trabalhos dos parlamentares têm por intuito "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".
Lusa / SOL