Centenas de paroquianos de Canelas manifestam-se em frente à Sé do Porto

Centenas de pessoas da paróquia de Canelas, Vila Nova de Gaia, participaram hoje numa marcha que culminou numa vigília em frente à Sé do Porto para pedir à Diocese que reconsidere o afastamento do padre Roberto de Sousa.

Centenas de paroquianos de Canelas  manifestam-se em frente à Sé do Porto

"Dom António [bispo do Porto, António Francisco dos Santos], não perca o padre Roberto" foi uma das frases que se podiam ler nas dezenas de cartazes que os populares empunharam desde a Câmara de Gaia, onde às 17h00 se concentraram, até à Sé do Porto, onde a vigília só terminou cerca de duas horas e meia depois.

"Não queremos o padre Roberto a todo o custo. O que não queremos é que Dom António Francisco se dê ao luxo de prejudicar a Igreja ao perder um talento como o padre Roberto", disse aos jornalistas o responsável pelo movimento de apoio ao padre "Uma Comunidade Reage!", Miguel Rangel.

Com vestes pretas, para simbolizar luto, e com velas na mão, os manifestantes terminaram a iniciativa, que contou sempre com a presença de agentes da PSP, com a recitação de um terço, tendo aproveitado os intervalos dos cinco mistérios para apelar ao bispo do Porto: "Não deixe este povo desamparado", "só queremos viver a fé com dignidade" e "este povo está magoado e quer uma explicação".

Antes de retomarem a Gaia, os paroquianos de Canelas escreveram com velas no chão do largo da Sé "Não temais!", frase que tem servido de lema ao movimento mas que hoje tinha, explicou Miguel Rangel, mais uma simbologia. 

"'Não temais' porque sabemos que é difícil voltar atrás. Sabemos que a decisão não é só dele [bispo do Porto]. Não podem ter medo de voltar atrás e colocar o padre Roberto a fazer o que ele tanto gosta e sabe fazer", disse Miguel Rangel.

O responsável anunciou que estão agendadas novas iniciativas e que algumas contarão com a presença do padre Roberto de Sousa, mas vincou que não se tratará de uma "igreja paralela".

"Vamos organizar colóquios com temas diversos em que ele será a principal figura. A formação de alguma seita, como já ouvimos dizer, nunca foi o nosso objectivo. Mas que faremos trabalho com o padre Roberto, faremos", disse.

A decisão de afastar o padre Roberto de Sousa da paróquia de Canelas foi tomada em finais de Julho pela Diocese do Porto, tendo chegado a haver um recuo a meio de Setembro, mas a determinação ficou concretizada no início de Novembro com a chegada do novo pároco, Albino Reis, que teve de ser escoltado pela GNR nos primeiros domingos após a missa matinal nesta paróquia devido a protestos de populares.

Dias depois o Conselho Presbiteral da Diocese do Porto manifestou, numa nota, "consternação" pelos protestos da população.

A 9 de Dezembro, o secretário da Conferência Episcopal Portuguesa disse, em Fátima, que o conselho permanente daquela entidade manifesta "toda a confiança" nas decisões do bispo do Porto.

Ao longo de meses, o movimento "Uma Comunidade Reage!" organizou um cordão humano, vigílias e marchas silenciosas, recolheu 5.800 assinaturas para um abaixo-assinado, um jantar com o antigo padre, ao qual ofereceu um livro de dedicatórias, e tem vindo a concentrar-se do lado de fora da igreja de Canelas durante as missas, tendo prometido hoje "não ficar por aqui".

Lusa/SOL