"Nunca tomei nenhuma decisão relevante sem o conhecimento e o acordo prévio de Amílcar Morais Pires", afirmou Isabel Almeida quando questionada pela deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua na comissão parlamentar de inquérito à gestão do Banco Espírito Santo (BES) e do Grupo Espírito Santo (GES).
A ex-directora financeira do BES disse também que recebeu "instruções directas" de Ricardo Salgado, "que foram sempre" comunicadas a Amílcar Morais Pires, que as validava.
"Tenho a convicção de que Ricardo Salgado tinha todo o conhecimento de todas as operações do departamento financeiro, de que Amílcar Morais Pires lhe comunicava todos esses factos", disse, respondendo ainda à deputada bloquista.
A comissão de inquérito arrancou a 17 de Novembro passado e tem um prazo total de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado.
Os trabalhos dos parlamentares têm por intuito "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".
Salgado e Morais Pires decidiram aplicação da PT na Rioforte
A ex-directora do BES Isabel Almeida afirmou que a aplicação da PT na Rioforte foi "decidida e negociada" por Ricardo Salgado e Amílcar Morais Pires, salientando que o departamento financeiro só recebeu instruções.
"Essa aplicação da PT na Rioforte foi decidida e negociada pelos meus superiores hierárquicos, Ricardo Salgado e Amílcar Morais Pires, com a PT. A mim só me foram comunicado os montantes, prazos e taxas por Amílcar Morais Pires", afirmou a ex-directora financeira do BES
Isabel Almeida disse que o departamento financeiro só recebeu instruções e que havia "uma diferença" entre nas informações dadas, já que a PT dizia que era a três meses e a informação de Morais Pires foi de que seria uma aplicação a um ano.
A ex-directora disse desconhecer quem negociou a aplicação em representação da PT, adiantando apenas que terá sido "ao mais alto nível".
A PT SGPS investiu cerca de 900 milhões de euros em papel comercial da Rioforte, investimento do qual não foi reembolsada e que deixou um 'buraco' nas contas da operadora portuguesa.
Lusa/SOL