Grexit

O ano novo de 2015 inicia-se com um momento definidor para a União Europeia. Refiro-me, claro está, às eleições gregas do próximo dia 25. Se, como tudo indica, o partido de extrema-esquerda Syriza emergir como vencedor e vier a formar Governo, abandonará a austeridade e dará início a um processo de negociação da dívida publica…

Alternativa 1: a UE aceita um (novo) bail-out da Grécia. Neste cenário abrem-se duas possibilidades:

Possibilidade 1a: O bail-out tem associado o condicionalismo económico que o Syriza rejeita liminarmente, designadamente a continuação da austeridade. Aceitar esta alternativa representaria uma apostasia debilitante, pelo que me parece muito improvável.

Possibilidade 1b: a UE aceita um bail-out sem condições. Aqui, claro, o descrédito recairá sobre as instituições europeias e desencadeará movimentos de protesto em todo o sul da Europa, aumentando a força eleitoral das alternativas radicais nas eleições de 2015 na Espanha e em Portugal. Ou seja, em vez de uma só Grécia a UE ver-se-á confrontada com pelo menos duas e, uma vez mais, a crise grega teria contagiado toda a União.

Alternativa 2: A UE insiste que as regras dos dois perdões anteriores são para cumprir. Aqui o Syriza terá de escolher entre renegar os compromissos eleitorais ou renegar unilateralmente a dívida. A segunda conduzirá inevitavelmente à saída da Grécia do Euro, a Grexit.

Conclusão: A UE pode perdoar mas não pode ceder. Se o Syriza ganhar e não capitular a Grécia abandonará o euro, por muito irrevogável que tenha sido a sua adesão.