2. O futebol, ao invés do que os intelectuais julgam, é um poder fortíssimo – um poder mediático, um poder económico-financeiro, mas também um poder político entendido em sentido amplo. Basta pensar que o futebol pode ser (e deve ser) um instrumento de política diplomática – é um veículo do designado “soft power” (poder suave). A força das Nações no plano internacional e a sua capacidade de influência em diversas zonas do Globo não mais se mede pelos recursos militares ou é promovida através de intervenções bélicas – antes pela sua capacidade de persuasão, pela forma como exporta o seu modelo cultural, as suas referências e, enfim, o equivalente ao “poder carismático” como povo. Por exemplo, Hollywood desempenha um papel relevantíssimo na difusão da imagem dos Estados Unidos da América no Mundo. Mais do que a NATO ou as forças armadas americanas, a cultura garante a força americana por todo o planeta – e, logo, o cinema defende a democracia e a liberdade. Pois bem, o futebol deve integrar o “soft power” de Portugal – é uma arma poderosíssima para difundir a imagem do país no Mundo e fomentar a curiosidade sobre a sua história, os seus locais e as suas gentes entre estrangeiros. E Cristiano Ronaldo é um “activo” único – por muitos e longos anos, teremos o melhor atleta do mundo. Ronaldo já faz parte da História que irá perdurar por séculos: quando se falar de futebol, falar-se-á sempre de Cristiano Ronaldo. Aqui, na China, no Vietname, nos EUA, em Inglaterra, em África. Não obstante a latitude, a língua, a religião, a cultura – Cristiano Ronaldo, o jogador português fantástico, será lembrado com admiração e um factor de motivação.
3. E será negativo falarmos de Ronaldo como um exemplo? Não haverá um excesso, uma obesidade de referências a Cristiano Ronaldo, quando Portugal tem cientistas, pensadores, filósofos e trabalhadores em vários domínios excelentes e que deveriam ser igualmente louvados? Evidentemente, que há portugueses ilustres fantásticos em todos os domínios. Certo: mas há algo que as “mentes bem pensantes” portuguesas ainda não perceberam. É que, no mundo globalizado em que vivemos, o poder mais forte e influente é o poder mediático. Já não é o poder político – porque a teoria política ainda não se adaptou à diluição das realidades estaduais -, o poder económico e financeiro está a sofrer uma crise de reputação e é encarado como algo “obscuro” e “distante” – é o poder mediático (da televisão, das redes sociais, das novas formas de comunicação) que inspira e influencia mais os cidadãos.
4. Para os jovens, que carecem de referências e modelos, Ronaldo é um excelente exemplo. Representa a ascensão social pelo trabalho e pelo mérito. Pelo esforço e dedicação. Representa a vantagem de lutar por sonhos que, à partida, parecem impossíveis – de uma família modesta na Madeira, Ronaldo partiu à conquista do Mundo do futebol. Sem medo. Com muita convicção. Ronaldo é a negação da teoria da impossibilidade – todos os sonhos se podem concretizar, se lutarmos e trabalharmos para os alcançar.
5. Enfim, Cristiano Ronaldo é a personificação do livre-arbítrio (não há determinismos sociais ou fácticos: o homem é o único responsável pelo seu destino), do enorme poder transformador da vontade. Em todos os domínios, procuremos seguir o exemplo de Cristiano Ronaldo. Ou seja: sejamos portugueses.
De facto, há quem diga que Cristiano Ronaldo é determinado, trabalhador, corajoso, genial. Nós preferimos resumir tais adjectivos numa só formulação: Cristiano Ronaldo é simplesmente português. Em cada dia, em cada hora que passa, não nos esqueçamos de quem somos – e trabalhemos para um futuro melhor. Com esperança e bravura. Sem medos.