Deixamos um ano que nos trouxe algumas surpresas inesperadas e desagradáveis e que ficou além daquilo que prometia ser, embora não fique na história como um dos piores anos, tanto mais que manteve sempre a tendência positiva com que se anunciava nos finais de 2013, apesar de ser em números mais modestos do que desejaríamos e legitimamente esperávamos.
Muito mais do que um exercício para mudar um quatro por um cinco, diremos, por exemplo, para nos prepararmos melhor para 2015, que no ano morto comemoramos os 40 anos do 25 de Abril, uma alteração política e económica que esteve na base das profundas mudanças verificadas nos anos 80 e 90 do século passado no mercado imobiliário português.
É certo que em 2014 fomos muito menos felizes no Campeonato do Mundo de Futebol realizado no Brasil do que tínhamos sido, dez anos antes, no Europeu realizado em Portugal. Ou talvez não, dirão outros, para quem algum endividamento público excessivo está também ancorado em obras públicas realizadas no âmbito desse acontecimento de visibilidade global.
Neste tempo de reflexões, lembro outro grande evento internacional ocorrido em Portugal, a EXPO 98, em parte responsável pela profunda requalificação da zona oriental de Lisboa, agora denominada Parque das Nações. Um parque habitacional e de serviços virado para o rio, que recordará 2014 como um bom ano, pela procura que recebeu.
Graças aos programas de Autorização de Residência para Actividades de Investimento (vistos gold) e ao Regime Fiscal para Residentes não Habituais, que espero venham a ser aprofundados em 2015, com toda a transparência que um mercado saudável exige, o Parque das Nações viu escoar-se com sucesso grande parte da sua oferta imobiliária.
Será bom que neste ano agora a começar esta dinâmica se estenda a outras zonas de excelência do país, como por exemplo o Norte, onde também há ofertas a pedir uma maior visibilidade global para poderem mostrar o muito que valem no plano residencial com vocação turística, movimento que também carece de um real regresso do crédito a este mercado tão importante para a recuperação.
As notícias que falam numa vontade da banca em aumentar o crédito à habitação, a par da diminuição do valor dos spreads, confirmam a aposta do sistema financeiro na nossa economia, confirmando em simultâneo 2015 como um bom ano para o imobiliário português.
Já não estou sozinho nesta defesa do imobiliário português como destino de excelência para investimentos seguros e isso é, certamente, um bom sinal para este ano que está a dar os primeiros passos. Além de transformar este exercício em algo mais do que apenas mudar um quatro por um cinco.
*Presidente da APEMIP, assina esta coluna semanalmente