É já quase uma tradição que a prova que reúne as melhores selecções de África – equivalente ao Campeonato da Europa – roube aos emblemas do Velho Continente algumas das suas estrelas nesta altura do ano. Portugal não é excepção e na edição deste ano surge como o quinto país europeu com mais peso na prova – França (75 jogadores) e Espanha (26) são as grandes dominadoras.
Yacine Brahimi, do FC Porto, e Islam Slimani, do Sporting, duas das maiores figuras da Argélia, são os cabeças-de-cartaz de uma lista de 14 jogadores africanos que vão desfalcar nove equipas portuguesas pelo menos até ao final de Janeiro, quando terminar a fase de grupos.
Os argelinos atingiram os oitavos-de-final do Mundial-2014 e entram na fase final do CAN-2015 no lote de favoritos. O que significa que as duas referências de 'dragões' e 'leões' vão falhar pelo menos seis jogos dos seus clubes – três no campeonato e três na Taça da Liga -, mas correm o risco de ficar afastadas dos relvados nacionais durante nove encontros, se chegarem à discussão do título, a 8 de Fevereiro.
No caso de a ausência dos argelinos se prolongar até ao último dia de competição, será mais problemática para o Sporting, uma vez que nesse fim-de-semana joga-se o clássico com o Benfica.
Os dois jogadores são neste momento dores de cabeça para os técnicos Julen Lopetegui e Marco Silva. Substituí-los não será tarefa fácil.
Brahimi tem 88,9% de eficácia de passe, segundo o jornal online GoalPoint, especializado em dados estatísticos. Soma quatro golos e três assistências em 14 jogos no Campeonato, apresenta uma taxa de sucesso na finta de 42,2% e 19% de influência nos golos dos 'azuis e brancos'.
Ainda mais preponderante, Slimani surge em 31% dos golos leoninos. Sete foram da sua autoria e deu a marcar aos companheiros outros três.
Além do criativo Brahimi, o FC Porto cede à Taça das Nações Africanas, como também é conhecida a prova, o avançado camaronês Aboubakar, que tem sido o principal concorrente de Jackson Martínez na frente da ataque. Já o Sporting junta a Slimani o extremo cabo-verdiano Héldon, pouco utilizado em Alvalade esta época.
Rui Águas leva seis para Cabo Verde
É precisamente na Selecção de Cabo Verde, única representante lusófona em prova, liderada pelo português Rui Águas, que estará o maior contigente de jogadores da 1.ª Liga. Seis no total: além de Héldon, também Kevin Sousa (Nacional), Babanco (Estoril), Ivan Cruz (Gil Vicente), Gegé (Marítimo) e Sérgio Semedo (Olhanense) foram convocados.
Mas o recrutamento em Portugal estende-se a outras seis selecções, além de Cabo Verde e Argélia: os Camarões resgataram Edgar Salli à Académica; o português Jorge Costa chamou Randal Oto'o (Sp. Braga) ao Gabão; Javier Balboa (Estoril) faz parte dos eleitos da Guiné Equatorial; Boubacar Fofana (Nacional) vai alinhar pela Guiné Conacri; e Christopher Oualembo (Académica) vai representar a República Democrática do Congo.
Bilhetes grátis contra o ébola
Para evitar a pouca adesão aos estádios da Guiné Equatorial, em boa parte motivada pelo medo que o vírus do ébola entre no país, o presidente Teodor Obiang Nguema revelou no início da semana que vai oferecer cerca de 40 mil bilhetes aos cidadãos mais carenciados.
Uma medida que promete aumentar a afluência dos adeptos a uma competição que tem na Costa do Marfim a selecção mais mediática. Dois jogadores do momento estão entre os convocados: o médio Yaya Touré, distinguido pela quarta vez como o melhor jogador Africano do ano, e o avançado Wilfried Bony, que esta semana trocou o Swansea pelo Manchester City a troco de 36 milhões de euros aos cofres do manchester City.