BES: Obrigacionistas lutarão pelos seus direitos contra ‘qualquer comprador’

Um grupo de investidores obrigacionistas do Banco Espírito Santo (BES) com processos em curso contra a resolução aplicada ao banco vai lutar pelos seus direitos contra “qualquer comprador do Novo Banco”, veículo de transição idealizado pelo Banco de Portugal (BdP).

BES: Obrigacionistas lutarão pelos seus direitos contra ‘qualquer comprador’

Em comunicado hoje revelado, os investidores relembram, depois dos vários processos interpostos na justiça portuguesa e europeia, que esperavam do BdP uma atitude "consistente e transparente", o que, dizem, não sucedeu.

As atitudes do BdP, sustentam, ficaram aquém das expectativas: "As dúvidas sobre se Portugal será ou não um destino de investimento atractivo perdurarão durante anos, caso esta situação não seja rectificada rapidamente, de forma justa e equitativa", assinalam os investidores".

"Como gestores de fundos experientes, o grupo de investidores obrigacionistas institucionais entendeu que o investimento nas obrigações 'lower tier 2' do BES acarretava algum risco. O que não esperavam era que o banco central português assegurasse publicamente ao mercado que o BES estava capitalizado de forma adequada, para proceder à sua reestruturação de forma altamente prejudicial menos de duas semanas depois, sem sequer dar uma oportunidade significativa a uma solução de capital privado", assinalam.

E prosseguem: "O BdP falhou inúmeras vezes como regulador prudencial do BES. Segundo a lei Portuguesa, quando uma autoridade pública desencadeia, por negligência própria, uma determinada situação, não pode encontrar nessa situação a justificação para actos subsequentes". 

O grupo que assina a missiva advoga que as acções legais contra as decisões do Banco de Portugal "foram feitas em três níveis distintos, precisando apenas um de ser aceite para que a resolução seja anulada".

A 3 de Agosto, o BdP tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado banco mau (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os activos e passivos tóxicos do BES, assim como os accionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.

Lusa/SOL