A administração do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), ao qual o hospital pertence, assegurou que "não há consequências terapêuticas" para o doente por causa desse atraso e que a injecção "pode ser remarcada e administrada quatro ou cinco dias depois, embora cause transtornos, sobretudo a quem reside mais afastado da unidade de saúde, como disse ser o caso.
O doente desloca-se de 15 em 15 dias à principal unidade do Centro Hospitalar do Algarve, percorrendo cerca de 140 quilómetros para receber o tratamento, e na quarta-feira regressou a casa sem lhe ser administrada uma injecção de Octeotride, já depois de ter passado por uma situação idêntica a 26 de Novembro passado.
"Apresentei hoje uma segunda reclamação, porque já é a segunda vez que vimos cá, perdemos horas à espera que peçam o medicamento à farmácia, para depois dizerem-nos que afinal não há o medicamento", reclamou o sobrinho do doente, José Eduardo Paulino, considerando que o atraso na entrega das injecções invocado pelo Hospital "não é justificação nem para a primeira vez que aconteceu, nem para a segunda".
A mesma fonte disse à Lusa que na quarta-feira voltou a acompanhar o tio ao hospital para fazer tratamentos e testemunhou situações idênticas com outros doentes do serviço de oncologia. A Lusa também questionou o CHA sobre o número de doentes que poderia ter sido afectado, mas a administração não prestou esclarecimentos sobre esse ponto.
A administração do CHA reconheceu que houve atrasos na recepção do medicamento, mas esclareceu que o Octeotride "é um coadjuvante de terapêutica oncológica, produzido em exclusivo por um laboratório", que detém a patente, e é tomado através de "administração mensal".
Na resposta enviada à Lusa, a administração do CHA acrescentou que, "dado tratar-se de um medicamento que necessita de ser transportado e acondicionado num intervalo de temperatura específico, por vezes acontecem atrasos no fornecimento".
"Tais atrasos, para além do natural incómodo, que lamentamos, de obrigar o doente a deslocar-se pela segunda vez ao hospital, não tem qualquer implicação clínica ou terapêutica desde que dentro dos intervalos cientificamente determinados, o que foi sempre o caso neste doente", assegurou à Lusa o presidente do Conselho de Administração do CHA, Pedro Nunes.
A mesma fonte sublinhou que o "CHA cumpre rigorosamente a Lei dos Compromissos e tem a totalidade da sua dívida saldada, pelo que nenhum doente ficou, fica ou ficará sem a terapêutica adequada dentro do tempo adequado" devido a questões financeiras.
Lusa/SOL