Governo reúne com Fundação Ricardo Espírito Santo

Instituição perdeu os principais mecenas e pode fechar portas. Nova administração pediu audiência ao Governo, que promete “ajudar no que for possível”. 

Governo reúne com Fundação Ricardo Espírito Santo

A Fundação Ricardo Espírito Santo Silva (FRESS) é uma das vítimas do terramoto que abalou o Grupo Espírito Santo. A instituição sobreviveu, nos últimos anos, com uma “situação de endividamento descontrolado” e “no limite da gestão diária da tesouraria”. Este cenário, descrito pelo anterior presidente do conselho directivo da instituição, agravou-se em 2014 quando a Fundação perdeu os subsídios concedidos pelo BES e pela Tranquilidade, os dois principais mecenas.

Para tentar garantir a sobrevivência e impedir o encerramento das portas do Palácio da Azurara, a nova gestão está a fazer alterações ao modelo de financiamento. Conceição Amaral, a nova presidente do conselho de administração, já pediu o apoio do Governo. Jorge Barreto Xavier, secretário de Estado da Cultura, está a acompanhar a situação. “Tendo recebido um pedido de audiência, irá reunir com a nova administração em breve”, garante ao SOL fonte oficial da Secretaria de Estado da Cultura.

Também Nuno Vassallo e Silva, director-geral do Património Cultural, reconhece a relevância da colecção da Fundação para o património português e assume estar disponível para encontrar soluções em conjunto. “Muito embora não seja da competência desta Direcção-geral, já foi manifestada toda a abertura para ajudar no que for possível, dada a importância nacional deste Museu”, refere ao SOL fonte oficial da Direcção-geral do Património Cultural.

Em 2015 completam-se 60 anos sobre o falecimento de Ricardo do Espírito Santo Silva, “o maior e mais completo coleccionador de arte português do século XX”, contextualiza o director-geral do património cultural. Em 1953, o banqueiro, apelidado de “príncipe da Renascença”, doou a sua colecção privada ao Estado, nascendo assim a Fundação com o seu nome, criada como Museu de Artes Decorativas.

Em declarações ao Sol, a nova presidente, Conceição Amaral, explica que neste momento a Fundação “vive apenas de receitas próprias” e assume que é “obrigatório e muito desejável” realizar parcerias no curto prazo.

“Não há salários em atraso e não está prevista a dispensa de colaboradores”, garante Conceição Amaral. No que ao acompanhamento do governo se refere, a nova responsável pela FRESS afirma que “a decisão de classificação da colecção foi um sinal dessa preocupação [do Executivo]. 

A perpetuidade da Fundação é uma “questão que não agora não se coloca diz”, acredita Conceição Amaral.

sandra.a.simoes@sol.pt