A Presidente, que começara por defender a tese de suicídio, diz agora que o próprio Nisman desconhecia que a “operação contra o Governo” não era a denúncia que se preparava para apresentar no Parlamento no dia seguinte à sua morte. “A operação era a morte do procurador depois de ele acusar a Presidente” de ajudar os iranianos, concluiu. Nos três dias que passaram entre a mudança de posição, Kirchner também desfez as dúvidas quanto a quem teria motivações para desenhar esse plano. Segundo a tese, tudo começa com a assinatura de um memorando de entendimento entre os dois países, que em 2013 acordaram cooperar na investigação, ao ponto de Nisman ser autorizado a interrogar suspeitos iranianos com a supervisão da Interpol. “Os Serviços de Inteligência do Estado (SIDE) começaram logo a bombardear o acordo. Intensificaram as denúncias mais insólitas contra esta Presidente. Deram-se a um ritmo vertiginoso, e com a cumplicidade de procuradores, juízes e meios de desinformação”.
A denúncia da Presidente foi acompanhada pela decisão de reformar os serviços secretos, o que diz ser “uma dívida que o país tem com a democracia desde 1993”. A oposição acusa-a de querer lucrar com um crime que a maioria da população acredita que terminará sem culpados, apesar da certeza nacional de que não se tratou de um suicídio.