Ouvido na Comissão de Agricultura e Mar, a pedido do PS, sobre o estudo da associação de defesa do consumidor relativo à qualidade da carne picada vendida em Portugal, Nuno Lima, técnico da associação, afirmou que "a Deco mantém tudo o que disse porque confia no seu trabalho".
O estudo da Deco analisou amostras de carne picada vendida em 26 talhos de rua, de mercados e de hipermercados, tendo chumbado todos na conservação, higiene e temperatura de venda da carne de vaca picada a granel, com 23 a adicionarem ao preparado sulfitos, aditivos proibidos por lei.
A questão da utilização dos sulfitos na carne privada foi considerada como a "mais preocupante" por Nuno Lima, afirmando que "é uma fraude", porque estão a utilizar-se conservantes que não são permitidos por lei e que podem colocar em causa a saúde pública.
Perante os resultados do estudo, o técnico da associação voltou a defender a interdição da venda de carne a granel previamente picada ao consumidor.
Ana Cristina Tapadinha, da Deco, acrescentou que o estudo "é uma fotografia do momento" para que as entidades com capacidade de intervenção possam "fazer o filme todo" e intervirem para garantir a segurança dos cidadãos.
A ASAE também foi ouvida na comissão parlamentar, a seguir à Deco, tendo o inspector-geral do organismo, Pedro Portugal Gaspar, afirmado que não pode pronunciar-se sobre o estudo porque não o conhece.
"O que tivemos sempre o cuidado de dizer é que qualquer comunicação de risco tem de ser bem fundamentada e não conhecendo o estudo não posso pronunciar-me sobre ele", disse Pedro Portugal Gaspar aos jornalistas no final da audição.
O inspector-geral sublinhou ainda que, tendo em conta os dados da ASAE em matéria de prevenção e fiscalização, a situação é "perfeitamente normal e que não há razão para qualquer tipo de alarmismo".
Na comissão, Pedro Portugal Gaspar adiantou que a ASAE tem vindo a aumentar o acompanhamento na área alimentar.
Em matéria operacional, em 2012, havia 40% de esforço na área alimentar versus 60% na área económica. Em 2014, esse esforço foi de 57,2% na área alimentar, um aumento de 15% face ao no ano anterior nesta área "importante para a saúde pública e para a defesa do consumidor".
Lusa/SOL