Foi Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, quem confirmou na quarta-feira que “o presidente do CNRT [Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste] convidou Rui Araújo para o cargo de primeiro-ministro”. O anúncio foi feito após um encontro da Fretilin com o Chefe do Estado, que já tinha consultado outros partidos timorenses sobre a reestruturação governamental. Além de Araújo, “outros membros da Fretilin” foram convidados para o futuro Executivo.
Na quarta-feira da semana passada, num jantar de cinco horas com 53 dos 55 membros do actual Governo, Xanana Gusmão terá explicitado a decisão de sair do Governo, informando ainda quem fica e quem sai nesta reestruturação.
Dois ministros presentes no encontro – e que quiseram manter o anonimato – confirmaram a saída de Xanana à Lusa: “O que o primeiro-ministro disse é verdade: que já é hora de ter mais líderes. A nossa sociedade não pode depender só de uma pessoa. Temos de ir preparando esta sociedade”.
O PM timorense, antigo guerrilheiro na luta pela independência, preso político e primeiro Presidente do país livre, não confirmou o abandono antecipado do Governo (que tem mandato até 2017), mas o ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministros informou, em comunicado, que “está em curso” a reestruturação. Agio Pereira definiu como objectivo “tornar o Governo mais eficiente e eficaz, focando-o na prestação de serviços para o povo de Timor-Leste”.
Xanana Gusmão – que em Novembro ordenou a expulsão de magistrados portugueses por “falta de qualidade técnica”, mas que também investigavam casos de corrupção envolvendo membros do Governo – não se pronunciou ainda sobre a eventual saída do Executivo, dizendo apenas estar num período de “reflexão”.
O CRNT é maioritário na coligação governamental, que integra também a Frente Mudança e o Partido Democrático. Por esclarecer fica a situação de Xanana Gusmão: abandonando o posto de primeiro-ministro, continuará a integrar o novo Governo?