Pedro Ferreira, presidente da Câmara Municipal de Torres Novas, disse à agência Lusa que o resultado da análise laboratorial encomendada pelo município aponta para uma estimativa de um total de 7.120 toneladas de lama acumulada que terão agora de ser removidas.
"Este é um problema ambiental delicado de há muitos anos, um emblema vivo e triste que se vê e se cheira e que precisa ser resolvido", afirmou, lembrando as implicações para as populações das zonas atravessadas pelas valas mas também para o Paul do Boquilobo, Reserva Natural e da Biosfera na confluência dos concelhos de Torres Novas e Golegã.
A necessidade de resolver este passivo ambiental levou o município a encomendar uma recolha e análise laboratorial das lamas acumuladas, um primeiro passo para a decisão quanto aos procedimentos a seguir, adiantou.
O trabalho realizado permite concluir que parte da lama – 2.286 toneladas – poderá ser desidratada no local e, com o acordo do Ministério da Agricultura e dos agricultores, ser espalhada em campos agrícolas, até porque é rica em fosfatos.
A restante terá que ser removida para um local próprio, processo que o município vai agora analisar com os concelhos vizinhos do Entroncamento (onde se inicia a vala do Pereiro) e da Golegã (onde desagua a vala das Cordas) e com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), entidade responsável pela autorização e acompanhamento dos trabalhos que vierem a ser realizados.
Numa fase seguinte, o município vai voltar a reunir-se com o secretário de Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território, que tem acompanhado o caso, para analisar uma possível candidatura a fundos comunitários, disse o autarca.
"É preciso arregaçar mangas, encontrar enquadramento para o investimento e tirar partido do Quadro Comunitário para resolver este problema", declarou.
As valas foram originalmente criadas pelos agricultores para rega dos campos, mas o uso de pesticidas e sobretudo as descargas das águas pluviais das zonas industriais de Riachos e Entroncamento e as feitas por várias indústrias e agropecuárias instaladas na zona tornaram-nas num "esgoto a céu aberto" e provavelmente a principal fonte poluidora do Paul do Boquilobo.
Lusa/SOL