A AICEP já avaliou o impacto em Portugal das novas quotas de importação em Angola?
A AICEP segue atentamente todas as alterações legislativas que possam ter impacto na actividade de internacionalização das empresas portuguesas. E Angola, como 5.º principal destino das exportações, não é excepção. Em valor absoluto, os bens relativamente aos quais foram estabelecidos novos limites à importação representaram 281 milhões de euros de exportações portuguesas para o mercado em 2013 – não estão ainda disponíveis os dados para a totalidade do ano de 2014. É o equivalente a 23,6% das vendas totais de Portugal daquele agregado de produtos, e a 9% das nossas exportações totais de bens para Angola.
Quais os sectores mais afectados?
O maior impacto poderá verificar-se ao nível dos refrigerantes. A quota agora definida corresponde a 34,1% das vendas de Portugal para Angola naquele ano. Com base nos valores de 2013, a redução potencial neste grupo de bens poderá ascender a 128,8 milhões de euros. São cerca de 3% do total das exportações portuguesas de bens e serviços para Angola e cerca de 0,2% das exportações totais portuguesas de bens e serviços.
Já houve reuniões da AICEP com as empresas afectadas pelos novos limites. O que saiu desses encontros?
A AICEP reuniu no sentido de aferir o potencial impacto nas referidas operações na sustentabilidade do negócio e nos projectos de investimento. No seguimento destas reuniões, encetaram-se já contactos com as autoridades angolanas, no sentido de se ouvirem os principais stakeholders.
Que acompanhamento vai fazer a AICEP deste problema?
Através do Conselho de Administração e da equipa local em Angola, está a acompanhar de perto este tema e a fazer diversos contactos com as autoridades locais, com as empresas com operações comerciais com Angola ou projectos de investimento em pipeline. O objectivo será minimizar os impactos negativos. São vários os projectos de investimento portugueses em curso, já anunciados ou em fase de avaliação. Com as novas condicionantes e os possíveis impactos económicos, ao nível do consumo interno, pressões inflacionistas, entre outros, poderão ser postos em causa – prejudicando quer o desenvolvimento da economia angolana quer o da portuguesa.