Um jornal vice-versa

Com periodicidade quinzenal e tiragens de 10 mil exemplares, à venda nos principais pontos de venda em Portugal e em Macau, por 2,5 euros, o Diário de Todos, lançado esta semana, tem como objectivo dar a conhecer a actualidade do mundo chinês aos portugueses e a realidade portuguesa aos leitores de chinês.

O jornal é bilingue mas, diz a directora, Helena Mouro, não se trata de “uma mera tradução de uma das versões”. A versão em língua portuguesa “trabalha as notícias sobre a China, o mundo em chinês e os países de língua portuguesa”, enquanto a versão em língua chinesa “faz o acompanhamento das notícias sobre Portugal e os países de língua portuguesa”. Para acompanhar tudo no jornal com duas faces, “o melhor é dominar os dois idiomas”, diz Helena Mouro.

O Diário de Todos define-se como o primeiro jornal económico luso-chinês, com 70 % de conteúdos sobre economia, tendo também notícias sobre turismo, estilo de vida, cultura e uma pequena secção de desporto. É um jornal que pretende, de “forma pioneira, prestar um serviço público”, ao aproximar os dois mundos e fornecer pistas sobre “as tendências e as oportunidades das economias nas diversas latitudes”. Talvez por isso o vice-primeiro-ministro Paulo Portas – que tem apoiado a aproximação empresarial entre Portugal e a China – é o entrevistado do primeiro número.

O projecto é apoiado por empresários luso-chineses, mas, segundo Helena Mouro, poderá haver investidores de Portugal, da China e dos Estados-membros da Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) que participem no futuro. “Temos uma visão da lusofonia total, em conjunção com o mundo de língua chinesa”, defende Helena Mouro.

O ponto de partida é, no entanto, Portugal. O Diário de Todos tem a sede em Lisboa, onde trabalha uma equipa “jovem e ainda minimalista” com apenas 10 profissionais, entre jornalistas, gráficos e tradutores. Uma equipa que, diz Helena Mouro, “tem a felicidade de ser luso-chinesa, tal como as redacções em Macau”, sendo “o reavivar de uma tradição multissecular portuguesa de que temos imenso orgulho”.

 Além da equipa fixa, o jornal conta com colaboradores em Portugal e na China e parcerias com agências como a MacauHub e o projecto de televisão dinamizado pelo presidente da Liga dos Chineses em Portugal, Y Ping Chow. Neste momento, o jornal está numa segunda fase de recrutamento de jornalistas.

Além da particularidade das duas versões, o Diário de Todos fez um percurso inverso ao que é actualmente comum: começou online com actualizações diárias há cerca de um ano – e apenas em língua chinesa – para se transformar numa versão quinzenal de cerca de 130 páginas de papel, combinando agora “em perfeita harmonia a tradição e a modernidade”.

Os jornais dos outros

Com redacção em Cascais, o Gazeta Slovo existe desde 2001 e é um dos principais jornais para a comunidade de falantes de russo em Portugal, tendo também distribuição em Espanha e Itália. É quinzenal, tem uma tiragem de 15 mil exemplares e só a versão online permite usar a tradução automática do Google.

Um dos mais antigos jornais dedicados aos estrangeiros residentes em Portugal, dirigido à comunidade inglesa no Sul do país, o The Portugal News, sediado no Algarve, tem no seu site um arquivo que remonta a edições históricas dos anos 70 e 80, com retratos de Diana e do príncipe Carlos recém- casados. Distribuído quinzenalmente em papel, é um dos suportes mais requisitados pela comunidade internacional no Algarve para a procura de propriedades e de notícias relevantes sobre Portugal e aquela região em particular.

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