2. Adições. O ministro estrela do Governo grego, Yanis Varoufakis, comparou em Paris os empréstimos externos a droga, e a Grécia a um viciado disposto a tudo para um novo fix. Analogia poderosa, mas errada. A verdadeira droga na Grécia é a dependência do Estado e da despesa pública.
3. Podemos. A manifestação em Madrid alerta-nos para o risco de novas Grécias caso a Europa não saiba posicionar-se. Se o quid pro quo das ajudas financeiras se alterar, se a chantagem pagar, então o 'fogo' alastrará. A teoria da vacina é exactamente esta.
4. Jogo da galinha. Yanis Varoufakis é professor de teoria dos jogos e conhece muito bem este jogo. O jogo da 'galinha' (no sentido de medricas) simula um cenário onde dois jovens têm algo a provar e para isso promovem uma corrida para decidir quem é o mais corajoso. A corrida consiste em conduzir os seus carros em linha recta de frente um para o outro. Ganhará quem desviar o carro o mais tarde possível. No caso de nenhum dos dois se desviar o cenário é catastrófico: perdem tudo, incluindo a vida. Se apenas um desiste, o que não desiste ganha, e o outro perde. E, se ambos desistem, ambos perdem o respeito dos amigos, mas ainda têm seus carros e suas vidas. Mas quando os dois 'jogadores' são a Grécia e a UE, o resultado da colisão frontal não é simétrico: um perderá a 'vida' e o outro sofrerá, somente, um arranhão.
5. Moderação. O artigo de João Carlos Espada no Público de dia 2 é muito importante. Desafia-nos o professor, e cito: “As origens da radicalização estiveram na redução do leque das escolhas moderadas em oferta”. Ou seja, num euro inscrito a fogo na pedra e supondo adesão a princípios e práticas que não são robustos às naturais flutuações democráticas. A saída devia ter sido prevista e, de algum modo, desdramatizada. Talvez! Mas isso é a diferença, dirá o economista em mim, entre câmbios fixos e moeda comum.