Naufrágios no Mediterrâneo causam 300 mortos

Mais de 300 passageiros de quatro embarcações originárias da Líbia poderão ter morrido afogados ou por hipotermia, revelou hoje o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

Naufrágios no Mediterrâneo causam 300 mortos

“Relatos reportados à Agência pela Guarda Costeira italiana e por sobreviventes, em Lampedusa, indiciam que 300 pessoas estão desaparecidas” anunciou o ACNUR em comunicado. 

A descrição do desastre foi feita por nove passageiros resgatados esta quarta-feira pela guarda costeira italiana, oriundos do Senegal e do Mali. Os barcos partiram da Líbia no sábado mas não resistiram ao mar revolto. Os sobreviventes viajavam em dois pequenos barcos, com cerca de 100 pessoas cada, “sem água e sem comida”. 

O ACNUR já tinha revelado ontem que pelo menos 29 pessoas tinham morrido no naufrágio de outro dos barcos, onde viajavam 105 pessoas, acrescentando que um quarto está a ser procurado.

Esta nova tragédia no Mediterrâneo foi acompanhada por críticas severas do Alto Comissariado e de outros grupos de assistência humanitária, que condenaram a nova operação de resgate da União Europeia, a Tritão, considerando que é insuficiente e que não protege suficientemente as vidas humanas.

“É uma tragédia de enormes proporções e um alerta feroz para o facto de mais vidas poderem ser perdidas se quem procura segurança é deixado à mercê do mar. Salvar vidas deve ser a nossa prioridade. A Europa não pode fazer demasiado pouco demasiado tarde", disse Vincent Cochetel, o director europeu deste organismo.

"O ACNUR reitera a sua preocupação com a falta de uma robusta operação de busca e salvamento no Mediterrâneo. A Operação Tritão, gerida pela FRONTEX (Agência Europeia de Gestão da Cooperação Operacional Fronteiras Externas dos Estados-membros da União Europeia), não é focada na busca e salvamento e não está a contribuir com as ferramentas necessárias para lidar com a escala destas crises", acrescentou.

No ano passado, 218 mil pessoas – entre refugiados e migrantes provenientes do Médio Oriente e de África – cruzaram o Mediterrâneo em barcos de traficantes e cerca de 3500 morreram na tentativa de chegar à Europa, informou o Alto Comissariado.

Só em Janeiro alcançaram Itália 3528 pessoas, quando em igual período de 2014 o número foi de 2171.

Notícia actualizada