Quem, de mente aberta, procurar informação sobre o significado da Astrologia Chinesa e sobre a força que ela encerra, bem patente por exemplo na força das celebrações que marcam a entrada num novo ano, compreenderá que não podemos interpretar certos sinais à luz das convicções em que acreditamos e ao ritmo das nossas efemérides.
Não podemos, por exemplo, dizer que os chineses estão a comprar menos no novo ano, quando o ano novo, para milhões e milhões de chineses, ainda não chegou. A subjectividade no comportamento dos consumidores e dos investidores é muito diferente de um ocidental para um oriental.
Quando lemos que as actividades relacionadas com a casa, entre outras, poderão ganhar um certo destaque em 2015, não podemos sorrir e pensar que na economia tudo se uniformiza e é explicado por leis universais. Nem mesmo considerando a economia global muito marcada pelo comportamento dessa potência económica que é a China.
Não é por uma conhecida marca de telemóveis ter passado a vender mais dos seus apetecíveis aparelhos na China do que nos Estados Unidos, onde a marca nasceu e onde constitui uma imagem de marca, que os chineses passam a ser mais americanos. Numa cultura milenar tão enraizada, o comportamento é menos influenciável do que possamos pensar por movimentos externos que o queiram influenciar.
O facto de o economista americano Robert Shiller, Prémio Nobel há dois anos, ter voltado há dias a dizer – o que eu aliás aplaudo – que Portugal é um dos países europeus que actualmente oferecem oportunidades de investimento muito boas, não significa que o investimento estrangeiro cresça exponencialmente.
Tampouco o facto – que a apurar-se condeno vivamente – de alguns cidadãos chineses poderem ter sido enganados por terceiros em processos de aquisição de imóveis em Portugal, no âmbito do programa que proporciona autorizações de residência para investimento, faz com que o investimento em Portugal deixe de ser bom e deixe de ser visto como tal por cidadãos estrangeiros, chineses incluídos.
Forçar nexos de causalidade onde eles não existem – mesmo que determinados comportamentos possam ter consequências – é um perigo que devemos evitar pois redunda quase sempre no exagero de confundirmos a árvore com a floresta, atitude que claramente nos destrói a lucidez desejável e lança desconfianças que minam o que não deve ser minado.
O novo ano chinês de 4713 está prestes a chegar, com todas as esperanças e promessas, tal como o de 2015 já chegou, também com esperanças e promessas. Mas aceitar a convenção de estar em 4713 ou de estar em 2015 são direitos culturais idênticos com manifestações diferentes, todos respeitáveis.
*Presidente da APEMIP, assina esta coluna semanalmente