Para Daniel Bekele, director da divisão africana desta organização, este é “o nível mais baixo” a que se chegou no que diz respeito às “atrocidades” cometidas em Darfur.
Quando se ouviu falar de um caso de violação em massa na aldeia de Tabit, em Outubro do ano passado, as autoridades sudanesas mostraram-se bastante hesitantes em deixar que as Nações Unidas pudessem investigar e ajuda a resolver o problema. O Governo Sudão decidiu levar a cabo a sua própria investigação, chegando à conclusão de que “não tinha existido um único caso de violação”.
No entanto, um novo relatório – feito com base em mais de 130 entrevista feita por via telefonia a sobreviventes, testemunhas e desertores do exército – mostra que meninas de 10 anos foram violadas pelas forças de segurança sudanesas e que algumas mulheres e crianças foram abusadas sexualmente à frente dos seus familiares.
A Human Rights Watch “documentou 27 casos de violação isolados e obteve informação credível sobre outros 194 casos”, descreve o relatório.
As testemunhas e os sobreviventes afirmam que as forças armadas obrigaram dezenas de homens a retirarem-se para as imediações das aldeias, após os soldados entrarem nas suas casas e os acusarem de matar membros do exército ou de ajudar grupos rebeldes. Depois de expulsarem os homens, violavam as mulheres e as meninas. “Várias vítimas foram ameaças por oficiais do Governo, que lhes disseram que seriam presas ou que matavam alguém das suas famílias se falassem sobre os ataques”, escreve a Human Rights Watch.
Alguns dos sobreviventes confessaram que, após as violações, evitaram receber qualquer tipo de tratamento médico por terem medo de serem novamente abusados sexualmente.
O relatório não faz qualquer referência aos grupos rebeldes – que têm combatido o Governo desde 2003. Mais de 300 mil pessoas foram mortas desde o início do conflito.