Não pagamos!

Um argumento que hoje se ouve muito, quando se fala no caso da Grécia, é o seguinte: “O povo grego votou no Syriza, por isso é preciso respeitar a sua vontade!”.

E como o Syriza prometia o não pagamento de parte da dívida, é necessário dar sequência a esse voto e admitir que a Grécia não pague.

Com o devido respeito, este argumento é uma rematada parvoíce. A questão é que o Syriza não podia fazer essa promessa eleitoral, pelo simples facto de que ela envolvia terceiros.

Para não haver dúvidas sobre isto, imaginemos o seguinte exemplo: um determinado indivíduo candidatava-se à presidência de um clube de futebol prometendo não pagar as dívidas do clube à banca, pois isso iria prejudicar as suas pretensões desportivas.

Os sócios do clube votavam no indivíduo, ele tornava-se presidente, e depois declarava: “Deixo de pagar à banca, porque os sócios do clube votaram democraticamente esta proposta”.

Mas alguém iria nessa conversa?

Ora, é exactamente isto que a Grécia está a fazer. E o engraçado é que alguns dos lesados defendem que deve ser mesmo assim…

jas@sol.pt