Se no enredo ficcional de O Pequeno Quinquin há indícios de que os crimes possam ser motivados por xenofobia, há também uma criança, chamada Mohammed (como o profeta muçulmano), que se suicida afirmando: «Allahu Akbar, vergonha na França». Transmitido em quatro episódios no canal televisivo ARTE em Setembro, é a prova de que «o cinema sabe ser visionário desde que não o remetam para o miserável fim industrial», comentou o realizador ao SOL a propósito do atentado na redacção da revista Charlie Hebdo.
«Sinto-me naturalmente responsável pelo que aconteceu: os franceses massacraram outros, isso iria acabar por voltar e voltou». O cineasta de 56 anos, ex-professor de Filosofia, aponta o dedo à «miséria» da «cultura de massas» e ao circo dos seus «aparelhos mediáticos»: «Foi esta sub-cultura da calamidade que inventou estes indivíduos que nos aparecem armados, é demasiada inconsequência política». A arte do cinema, crê, é um caminho para a salvação.
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