Ora isto é ver o filme completamente ao contrário.
Durante anos, houve vários países que começaram a desrespeitar escandalosamente os défices públicos, acumulando dívidas gigantescas. Para além da Grécia, temos os casos de Chipre, Itália, Espanha, Portugal, França, Irlanda…
A situação tendia a tornar-se insustentável, quando a Alemanha (e outros países do norte) disseram um rotundo “Não”. E a partir daí todos foram entrando mais ou menos nos eixos.
Com ou sem programas de resgate, os países foram reduzindo os défices públicos e pondo as contas em ordem. Mesmo a Grécia, com Samaras, parecia ter encarrilado e encaminhava-se para cumprir o memorando da troika.
Eis senão quando um partido chamado Syriza promete o que não pode cumprir – e ganha as eleições gregas.
De facto foi um abanão.
Mas foi um ‘abanão mau’ – ou seja, no sentido de não cumprir as regras – numa altura em que o ‘abanão bom’ já estava a fazer efeito e todos começavam a equilibrar as contas públicas e a regular melhor as contas externas.
Por isso, os defensores do ‘abanão’ enganam-se rotundamente. O ‘abanão’ foi afinal um ‘contra-abanão’ – que veio pôr tudo em causa, incluindo a própria Zona Euro. Porque não pode existir uma comunidade de países com a mesma moeda se cada um começar a fazer o que quer e a dizer que não cumpre as regras. Ou não será isto evidente?