“Estava preocupado em ficar demasiado exposto”. E ficou, mas de uma forma positiva uma vez que a exposição que conquistou acabou por impulsionar a sua carreira. Depois de “Sherlock”, o rol de trabalhos que ganhou foi extenso, com Benedict a dar vida ao, entre outros, fundador do WikiLeaks Julian Assange (“O Quinto Poder”) e ao criador dos computadores Alan Turing (“O Jogo da Imitação”), filme que lhe valeu agora a primeira indicação para um Oscar. "Ser filho de actores e ser nomeado para um Oscar é um daqueles momentos únicos da vida. Os meus pais estão muito orgulhosos", comentou sobre a nomeação para Melhor Actor.
Antes de atingir o estrelato, Cumberbatch acumulou mais de uma década a trabalhar como actor. A sua versão do brilhante detective britânico mudou-lhe a vida, mas é a sua interpretação como Alan Turing que está actualmente nas bocas do mundo. Ainda assim, foi quando aceitou fazer de Assange que Cumberbatch soube que teria projecção mundial. Um dia antes de começar a filmar “O Quinto Poder”, o actor recebeu um email do criador do WikiLeaks a pedir-lhe para cancelar o projecto. Na resposta que endereçou a Assange, Cumberbatch admitiu que aceitou fazer o filme porque é “um actor vaidoso” e, daqui a uns anos, quer poder dizer que lhe deram, um dia, um papel principal. “[Este filme] é um grande passo na minha carreira”, escreveu na altura. O presságio concretizou-se. Na semana em que o filme estreou nos Estados Unidos, em Novembro de 2013, o actor teve honras de capa na revista “Time”, com rasgados elogios à sua prestação. Um ano depois, o feito repetiu-se. Na pele de Alan Turing, o matemático que ajudou os Aliados a vencer a Segunda Guerra Mundial, voltou a ser o destaque da primeira página da revista norte-americana.
Filho de dois actores, Cumberbatch soube cedo o quão incerta é a vida a representar. Por isso, durante anos, sonhou com a advocacia para profissão. Mas aos 17 anos percebeu que o Direito não o iria fazer feliz e, antes de entrar para a universidade, ficou um ano sem estudar. Durante esse período deu aulas de inglês num mosteiro tibetano e, quando regressou ao Reino Unido, resolveu seguir as pisadas dos pais. Estudou representação na Universidade de Manchester e, depois, fez uma pós-graduação em Artes na London Academy of Music and Dramatic Art.
Desde aí entrou em várias minisséries da BBC, tornou-se presença frequente nos palcos de teatro de Londres e foi acumulando papéis secundários em cinema – “Expiação” (2007), com Keira Knightley; “Duas Irmãs, um Rei” (2008), com Natalie Portman e Scarlett Johansson; “A Toupeira” (2011), com Gary Oldman e Colin Firth, são alguns exemplos. Mas desde que apresentou a sua versão actualizada do icónico Sherlock Holmes, nunca mais teve de procurar trabalho. No espaço de um ano, recebeu convites de realizadores consagrados como Peter Jackson (de “O Senhor dos Anéis”) para a saga “O Hobbit”, J.J. Abrams para desempenhar o papel do vilão Khan em “Além da Escuridão: Star Trek”, ou Steve McQueen para “Doze Anos Escravo”.
Até 2017, está confirmado em seis produções de Hollywood, bem como para a próxima temporada de “Sherlock” e a participação na minissérie “The Hollow Crown”. Mas é a peça “Hamlet”, que irá protagonizar em Agosto, no centro cultural Barbican, em Londres, que está a suscitar maior atracção. Os bilhetes foram colocados à venda em Agosto de 2014, precisamente um ano antes da estreia, e esgotaram no espaço de uma semana. Na plateia, é fácil prever, estarão as centenas de ‘Cumberbitches’ que o idolatram e que, em 2013, contribuíram para a sua eleição como ‘o homem vivo mais sexy do planeta’. Mas não tenham ilusões. Cumberbatch deixou a lista de solteiros no último sábado, Dia dos Namorados, ao casar-se com a encenadora Sophie Hunter, actualmente grávida do seu primeiro filho.