‘Eine Regierung die Deutscher als die Deutsche ist’ (Um governo mais alemão que o alemão) lê-se no outdoor em que aparece o primeiro-ministro português ao lado da chanceler alemã que tem o polegar levantado em jeito de ‘porreiro, pá’.
A acusação não é nova no discurso bloquista mas desta vez surge depois de Yanis Varoufakis, ministro das Finanças da Grécia, ter desabafado à RTP que Portugal e Espanha “estão a querer ser mais alemães do que a Alemanha” na forma como estão a gerir as propostas contra a austeridade do governo liderado por Alexis Tsipras, eleito pelo partido da esquerda radical Syriza em Janeiro.
Segundo apurou o SOL, os cartazes já estavam impressos na sexta-feira, antes da afirmação de Varoufakis à saída da reunião do Eurogrupo que decorreu no mesmo dia em Bruxelas. O encontro resultou num acordo entre a Grécia e restantes países da zona euro para a extensão de quatro meses nos empréstimos a conceder ao país no quadro do programa de assistência que termina no final deste mês.
Mas o governo português saiu do encontro acusado pela extrema-esquerda portuguesa de estar do lado da Alemanha, ou seja, do lado errado. Segundo o jornal alemão Die Welt, que cita “fontes bem informadas”, Maria Luís Albuquerque terá pedido pessoalmente a Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças alemão, para se manter firme nas negociações com a Grécia.
O diário adianta ainda que Portugal e Espanha exigiram condições mais duras para que fosse selado um acordo com os gregos e que o governo português irá analisar com atenção a lista de reformas que será proposta pelo Executivo de Tsipras até ao final do dia de hoje em troca pela extensão do empréstimo.
No sábado, Maria Luís Albuquerque reagiu às acusações. Em entrevista à TVI, a ministra das Finanças garantiu que não teve qualquer influência nas negociações e sublinhou que teve uma “intervenção bastante construtiva”.
Certo é que e ano eleitoral o BE não deixará de colar Passos à austeridade e irá repetir as afirmações do primeiro-ministro depois da vitória do Syriza, que acusou de ter um programa que não passava de “um conto de crianças”, e de defender que a Grécia tem de honrar os seus compromissos porque “Portugal foi o país que mais esforços fez para ajudar a Grécia”, disse, no início do mês.