O ex-primeiro ministro saiu do Estabelecimento Prisional de Évora às 8h10, numa carrinha celular. Com o ex-primeiro ministro no DIAP está o seu advogado, João Araújo. Antes de ir ter com o seu cliente, o advogado passou pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), na rua Alexandre Herculano, onde trabalha o procurador titular do processo, Rosário Teixeira. À porta do DCIAP, João Araújo não quis falar aos jornalistas, recusando explicar se ali estava no âmbito do processo da Operação Marquês.
Em causa estão dois processos distintos: um, que tinha sido aberto pela Procuradoria-Geral da República por violação de segredo de justiça na sequência das notícias publicadas pela Comunicação Social sobre a Operação Marquês; e um outro que tem na origem uma queixa feita por Mário Machado, ex-líder da Frente Nacional, por causa da entrevista que Sócrates deu à TVI, a 2 de Janeiro.
No primeiro caso, o próprio ex-primeiro-ministro disse que queria prestar declarações para contar o que sabe. Isto depois de o director do JN, Afonso Camões, ter contado em editorial publicado no jornal, em Janeiro, que ele próprio avisara Sócrates da existência da investigação, da qual ficara a saber em Maio, por um jornalista do grupo Cofina.
O segundo processo está relacionado com uma queixa apresentada em Janeiro pelo dirigente da extinta Frente Nacional, Mário Machado. Este, que cumpre pena por sequestro, roubo e ofensas corporais graves, diz que Sócrates ao responder às perguntas feitas pela TVI, violou o segredo de justiça. Machado alega que o antigo primeiro-ministro “conhecia os factos que lhe são imputados e pronunciou-se publicamente em sua defesa”, verificando-se uma “perturbação do processo”.