Grécia: Ministro das Finanças defende reestruturação ‘inteligente’ da dívida

O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, defende uma reestruturação “inteligente” da dívida da Grécia, considerando que um perdão total seria inaceitável para os credores, numa entrevista hoje publicada na Alemanha.   

Grécia: Ministro das Finanças defende reestruturação ‘inteligente’ da dívida

"Um 'haircut' é uma palavra feia. Eu sei. Assim como nós não queremos ouvir falar na palavra 'troika', os nossos credores não querem ouvir a palavra 'haircut' (corte). É qualquer coisa que eu compreendo", declarou Varoufakis ao jornal económico alemão Handelsblatt.    

"Existem soluções mais inteligentes", adiantou o ministro grego.

Entre outros, "nós podíamos converter uma parte dos créditos que recebemos do FESF (European Financial Stability Facility, EFSF), em obrigações, cujos cupões e reembolsos seriam indexados à evolução do Produto Interno Bruto (PIB) grego", referiu.

Os parceiros da Grécia consentiram na semana passada prolongar até Junho o programa de ajuda ao país. Até lá, Atenas e os parceiros devem chegar a um acordo sobre um novo contrato e o Governo de Alexis Tsipras deve pôr em prática uma série de reformas.

"Eu não quero que o Estado continue a endividar-se. O novo acordo que nós queremos negociar a partir de agora e até ao final de Junho deve consistir num pacto de crescimento, que se apoiaria em investimentos do sector privado", defendeu Varoufakis.

Segundo o ministro, se a Grécia regressar ao crescimento "e uma parte da dívida for reestruturada inteligentemente, sem que o nível nominal mude, o problema da dívida pode ser resolvido".

Contudo, a Grécia enfrenta importantes pagamentos em Março, que dificilmente poderá honrar.

"Nós temos compromissos de pagamentos ao Fundo Monetário Internacional (FMI) em Março e Abril. Ao mesmo tempo, o Banco Central Europeu (BCE) deve-nos juros de um montante de 1,9 mil milhões de euros de obrigações gregas. Nós propomos que uma parte deste dinheiro sirva para reembolsar empréstimos ao FMI", adianta Varoufakis, retomando uma sugestão que já fez em diversas ocasiões.

Lusa/SOL