"Como podiam pessoas simples que não se movimentam no mundo dos negócios perceber que a situação do BES podia ser totalmente diferente da situação dos negócios do GES? Afinal não era tudo da família Espírito Santo? Bava pensava que sim. Nós, clientes do BES, também", diz a associação em nota hoje enviada.
Os lesados referiam-se a declarações de quinta-feira do antigo presidente da Portugal Telecom (PT), que disse na comissão de inquérito à gestão do BES e do GES que, ao abrigo da parceria da operadora, "não havia distinção" entre o banco e o grupo.
"A diferença é que os 900 milhões de euros que a PT investiu no GES não eram de Bava, mas o dinheiro que nós investimos, sim, era nosso, e muito suado, fruto de muitos sacrifícios", prosseguem os indignados, em nova missiva de apelo pela sua situação.
A associação de clientes adianta que "vai enviar carta a todos os interessados conhecidos na compra do Novo Banco e dirigir-se em carta aberta aos desconhecidos, informando-os de todas as más práticas destes gestores, directores e administradores, reafirmando" que "nunca" vão desistir de tentar ser ressarcidos.
"O que fizemos e continuaremos a fazer no Novo Banco vamos continuar a fazer ao comprador nas agências onde fomos enganados. Estamos fortes e somos cada vez mais", prosseguem.
E acrescentam: "A associação pede a solução rápida do problema do papel comercial do GES, pois sente que a situação emocional dos lesados está totalmente descontrolada. Recebemos dezenas de chamadas telefónicas de pessoas desesperadas e descontroladas e o gabinete de psicologia não consegue dar resposta. Alertamos para o risco iminente de saúde de algumas pessoas. Será que tem de acontecer alguma tragédia para as autoridades fazerem alguma coisa?".
A 23 de Fevereiro, o presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Carlos Tavares, defendeu que a compensação dos investidores que compraram papel comercial GES é "uma questão de respeito", considerando que tem de ser encontrada "uma solução rapidamente".
Na semana anterior, o governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, tinha remetido para a CMVM as queixas que tem recebido de clientes do GES lesados no papel comercial que foi vendido nas agências do BES a investidores de retalho.
A 3 de Agosto de 2014, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado 'banco mau' (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os activos e passivos tóxicos do BES, assim como os accionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.
Lusa / SOL