Lisboa, a única cidade da bacia do Mediterrâneo que fica no Atlântico, como se o Tejo, como o era o Guadiana para os Fenícios, fosse uma espécie de braço estendido do próprio Mediterrâneo a entrar pela Península Ibérica. Lisboa é – sem qualquer pecado, mesmo que venial, de excesso de centralismo – uma dessas cidades que retribuem com juros os investimentos que nelas se façam.
É uma capital que possui condições para se assumir como pólo de desenvolvimento e que se mostra sedutora, não sendo pois de admirar que ocupe a 9.ª posição entre as dez cidades europeias a que os investidores internacionais interessados em imobiliário estarão mais atentos este ano, num ranking independente onde Londres aparece em pior situação.
Portugal é, de acordo com os mesmos investigadores económicos internacionais, cada vez mais atractivo para investidores estrangeiros e tem a imensa potencialidade que reside no facto de 67% dos investidores estrangeiros acreditarem, segundo o Attractiveness Survey, que o interesse do país vai aumentar nos próximos três anos.
Os principais investidores estrangeiros interessados em Portugal emergem da China, dos EUA, do Reino Unido, do Brasil, da Espanha e da Rússia, destacando-se pelo dinamismo e pela diversificação de interesses (da reabilitação aos escritórios para rendimento) os investidores chineses. A minha experiência empresarial diz-me também que o mercado para residentes não habituais da UE tem grandes potencialidades em sectores específicos de mercados como os da França, para citar apenas o mais significativo.
Tudo isto se traduz em milhões de euros de investimento estrangeiro no imobiliário português, na dinamização do sector e de outros a jusante e a montante, o que justifica um maior e mais afincado desempenho em sede de city marketing, ou seja, na promoção internacional do nosso país, ancorada no grande prestígio de Lisboa.
A minha experiência diz-me que temos o péssimo hábito de fazer muito pouco pela consolidação deste valor acrescentado (quando não mesmo de desenvolver acções em sentido contrário), escudados naquela ideia, infelizmente ainda muito enraizada, segundo a qual tudo o que vá acima dos dez tostões é sempre despesa e nunca investimento.
Isto sem esquecer um outro pecado muito habitual entre nós – o do nacional fiscalismo, agravado pelas tendências dos últimos directórios europeus – pecado mortal que se traduz na voracidade dos impostos, que atacam qualquer sector mal há a percepção de que está a ter alguma procura e sucesso.
*Presidente da APEMIP, assina esta coluna semanalmente