O responsável da Go2marathon percebeu as dificuldades em participar nas grandes maratonas mundiais e resolveu avançar com o projecto, mas primeiro teve de perceber onde o “negócio encaixava, quer em termos contabilísticos, quer em termos de registo comercial”.
O número crescente de praticantes levou à aprovação do crédito e o projecto passou a “oferecer experiências únicas, maratonas especiais em sítios especiais”, mediante acordos com os organizadores, contou à agência Lusa.
Os clientes “não são meros entusiastas da corrida, mas pessoas que percebem que aliar o gosto de viajar ao gosto de correr é uma forma muito interessante de turismo”.
O que é nacional também é bom, garantiu Miguel Pinho, destacando uma “maratona excepcional, a do Porto, que é organizada dentro dos parâmetros do que melhor se faz em todo o mundo, que tem um percurso lindíssimo e que está a crescer”.
“Temos ‘trails’ (provas de montanha) maravilhosos que percorrem lugares verdadeiramente mágicos do nosso país que queremos divulgar e assim, trazer a Portugal atletas de todo o mundo”, acrescentou o empresário, prevendo que a prática da corrida está para ficar.
“Desde 2009, com o agravar da crise monetária, quem saiu dos ginásios e veio correr para a rua, descobriu a liberdade de fazer desporto a céu aberto, seja no asfalto, seja nos trilhos e que isso é barato e altamente estimulante”, argumentou.
Outro empresário, António Pedro Leal, enquanto treinava entre o Parque das Nações e Santa Apolónia, em Lisboa, notou a falta de alternativas para os passageiros dos cruzeiros para verem a cidade com calçado desportivo.
Ao consultar os dados das actividades nos cruzeiros, o empresário percebeu que o ginásio já está entre os equipamentos preferidos, o que mostra que “as pessoas estão mais activas”.
Como apenas agências de viagem operam nos navios e as actividades são vendidas com um ano de antecedência, o empresário estabeleceu parcerias e o projecto Walk and Run vai iniciar-se em Maio.
Mas António Pedro ganhou experiência a organizar corridas com participantes em congressos médicos, por ter como parceiro da ideia um reumatologista.
A guiar visitantes por Lisboa já estão corredores locais através da Lisbon City Runners.
“Como corredores, que também gostamos de viajar, reparámos que quando estávamos noutras cidades e saíamos para correr, às vezes corria bem, outras nem por isso”, relatou Pedro Vieira, enumerando a possibilidade de os praticantes se perderem.
Numa revista, os criadores deste projecto viram um semelhante em Barcelona e a sua ideia ganhou pernas em 2012.
Por curiosidade, a empresa elabora um 'ranking' anual em quilómetros das nacionalidades que os procuram: em 2013 os campeões foram os ingleses, enquanto no ano passado foram os alemães.
Pedro Vieira acredita que a “moda da corrida está para ficar” até porque é um fenómeno que chegou a Portugal com alguns anos de atraso.
Para explicar o número de gente que aderiu ao calçado desportivo, o empresário disse que podem ser referidas “razões sociais ou económicas”, mas também “pressão social da imagem”.
“Mas no fundo, eu penso que a relação esforço/bem-estar tem um saldo bastante positivo”, resumiu.
No futuro poderão surgir outras actividades, mas por agora o empresário garante que é “como a corrida: um pé de cada vez”.
Lusa / SOL