"Apesar dos comportamentos individuais, eu creio que o que se passou foi uma leitura muito errada que ele [Ricardo Salgado] fez da situação que prevalecia no nosso país. Creio que o seu sentido de liderança, a forma como exercia o poder e liderança fê-lo correr para a frente", afirmou Fernando Faria de Oliveira no parlamento.
"O que eu não consigo entender é que nesta fuga para a frente se tenham esquecido questões da maior importância, nomeadamente, da responsabilidade de cumprir as normas da actividade bancária", realçou o responsável, durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES.
O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) sublinhou que Salgado "era uma figura muito respeitada em Portugal e no estrangeiro" e que "a sua opinião era respeitada internacionalmente".
Na opinião do líder da entidade que representa a banca, "tudo isso contribuiu para tornar mais difícil a percepção de que excedia o poder".
E reforçou: "Mais do que uma falha do modelo de sociedade que, no caso do BES, posso eventualmente considerar que devia ser mais profundo, é uma questão do exercício dos cargos. Isso não tem a ver com modelos, tem a ver com comportamentos".
Faria de Oliveira disse aos deputados que nunca mais falou com Salgado, desde o colapso do BES, e que se o fizesse "continuaria a tentar perceber como é que isto aconteceu".
Lusa/SOL