A Resistência Galega (RG) é tida como a sucessora do Exército Guerrilheiro do Povo Galego Livre, reivindicando a independência total da Galiza em relação a Espanha, que reclama como sendo o mais antigo reino da Europa, com mais de 16 séculos de existência. A RG acusa Espanha de ter “falsificado” a História e os seus apoiantes sentem-se “mais portugueses do que espanhóis”, preconizando o uso da língua galega em detrimento da castelhana, que consideram ser “estrangeira”.
Esta semana foi preso pelo SEF, no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, Héctor José Naya Gil (‘Koala’), elevando assim para dez o número de reclusos conotados com o grupo Resistência Galega – actualmente considerado a principal ameaça terrorista, em Espanha.
Segundo as forças de segurança, a Resistência Galega é responsável por mais de uma centena de atentados bombistas, mas nunca fez qualquer vítima, o que inicialmente a levou a ser classificada como levando a cabo um “terrorismo de baixa intensidade”. Mas o Tribunal Supremo Espanhol acabaria por classificar a organização como um grupo terrorista.
Enquanto a ETA tem respeitado o cessar-fogo que há quatro anos declarou unilateralmente e um grupo independentista catalão apenas levou a cabo a Operação Pandora, centrada em Barcelona, a Resistência Galega tem dado mais preocupações às unidades antiterroristas do país vizinho, que vêm deslocando cada vez mais meios para a Galiza.
‘Koala’ tinha um mandado de captura internacional para cumprir onze anos de prisão, devido ao atentado bombista cometido na madrugada de 4 de Agosto de 2012 contra antenas de rádio instalados no Monte de Sampaio, nos arredores de Vigo, a maior cidade da Galiza. Por outro lado, tinha promovido recentemente dois encontros com uma organização de apoio aos familiares dos presos ligados à ETA.
‘O Estado Espanhol pretende derrotar os galegos’
Há três meses, ‘Koala’ deu uma entrevista exclusiva ao SOL em que comentou a uma anterior detenção. Recordamos aqui esse excerto:
“Levaram-me de Vigo directamente para a Audiência Nacional, em Madrid, mas depois fui para Sevilha, Toledo e Granada. A prisão mais perto em que estive foi em León.
No meu caso pessoal, não fiz mal a ninguém, mas fui preso quando estava num bar, com amigos, tendo sido levado para Madrid e torturado pelo caminho, tendo ficado três meses dentro da prisão, longe da minha gente e da minha família. E tudo isto porque nós pensamos de maneira diferente deles.
Cumpri uma pena [a sua prisão preventiva] sem ter sido ainda julgado, o que é uma aberração dos direitos humanos a que o próprio Estado Espanhol aderiu. E aquilo que o Estado Espanhol afinal quer é uma sociedade dividida, uma situação de ruptura, de crispação e de violência entre a sociedade espanhola, para que esteja sempre dividida, em que em vez de a pacificarem. O que pretendem mesmo é derrotar os Galegos. Mas não pode ser assim, o que o Estado Espanhol tem de assumir é que os Galegos não querem ser espanhóis. É uma política de vingança contra todos, que é condenada pela ONU, a perseguição e a dispersão dos presos por toda a Espanha”.