Os dois agentes já receberam alta hospitalar depois de terem sido atingidos quando a multidão que se concentrara junto ao quartel-geral da polícia se dispersava depois de ouvir o anúncio da demissão de Tom Jackson. O chefe da polícia de Ferguson, que durante meses defendeu as acções dos seus homens, viu-se obrigado a retirar-se depois de um relatório do Departamento de Justiça ter denunciado o racismo reinante na autoridade de Ferguson.
Jackson foi a sexta vítima da publicação do relatório. Dois polícias e um funcionário do tribunal demitiram-se depois do relatório divulgar trocas de correio electrónico de teor racista, como exemplo do “ambiente tóxico” da cidade. As conclusões do Departamento de Justiça levaram ainda à demissão de um juiz municipal e ao afastamento do responsável político pelas forças de segurança, John Shaw, que foi destituído através de um voto na assembleia municipal.
Os manifestantes que se juntaram ontem perto da sede policial não celebravam apenas a demissão de Tom Jackson. Exigiam ainda o afastamento do autarca da cidade James Knowles. Faziam-no maioritariamente de forma pacífica, segundo os relatos que chegam do local, embora tivesse havido momentos de tensão com a polícia de choque mobilizada, chegando a haver duas detenções.
No final, num momento em que a multidão já dispersava, dois polícias foram atingidos. Segundo a Reuters, um agente de 41 anos foi atingido no ombro, outro, de 32 anos, ficou com uma bala alojada junto ao ouvido depois de lhe ter furado a bochecha. Participantes na manifestação garantiram no Twitter que os disparos não partiram da multidão, a polícia garante que a caça a um ou mais responsáveis é a sua “prioridade número um”.
O procurador-geral Eric Holder considerou o incidente “repugnante e indesculpável”. O equivalente norte-americano a ministro da Justiça – que tinha dito que a publicação do relatório abria a porta para “os líderes de Ferguson iniciarem uma acção correctiva imediata, estrutural e completa” das suas forças policiais – lamentou agora que estes “actos de violência sem sentido ameaçam as reformas que os protestos não violentos em Ferguson e por todo o país estavam a conseguir alcançar”.